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Protestos dos agricultores europeus chegam a Bruxelas

Em dia de Conselho Europeu, os agricultores manifestam-se à margem desta reunião, em Bruxelas, para pedir mais apoio da parte dos dirigentes europeus. Em França, Espanha, Itália e Portugal também há protestos.

Edifício do Parlamento Europeu em Bruxelas. 1 de Fevereiro de 2024.
Edifício do Parlamento Europeu em Bruxelas. 1 de Fevereiro de 2024. AFP - SAMEER AL-DOUMY
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A algumas ruas do Parlamento Europeu, em Bruxelas, estão cerca de mil tractores, de acordo com números das forças de ordem. Jornalistas da agência Reuters contam ter visto agricultores a tentarem erguer barricadas diante do Parlamento Europeu. A France Presse relata que os manifestantes atiraram ovos ao Parlamento Europeu e atearam fogueiras junto do edifício, com a polícia a usar canhões de água.

Os agricultores queixam-se dos constrangimentos administrativos, mas também uma concorrência que consideram desleal com a Ucrânia, o país que enfrenta uma ofensiva russa há quase dois anos e a quem a União Europeia levantou as quotas e os direitos alfandegários para apoiar o país e tentar travar a crise alimentar mundial decorrente da diminuição das exportações ucranianas.

Nos últimos tempos, para responder aos protestos, a Comissão Europeia anunciou uma limitação das importações agrícolas ucranianas e a criação de excepções, durante este ano, à obrigação de manter terras aráveis em pousio para os agricultores europeus.

Em França, Espanha, Itália e Portugal também há protestos. A Agência France Presse sublinha que as manifestações acontecem meses antes das eleições para o Parlamento Europeu, em Junho, e que os agricultores estão cada vez mais atraídos pela extrema-direita. A agência Lusa também nota que um número crescente de países europeus tem sido palco de bloqueios de estradas e manifestações de agricultores, num movimento de contestação ao qual a extrema-direita e partidos populistas estão a associar-se, procurando canalizar para si os votos de protesto de um sector com grande peso na Europa, incluindo demográfico e de potencial eleitorado - a UE conta com nove milhões de agricultores. Antes das europeias, Portugal tem eleições legislativas a 10 de Março.

Dário Mendes, produtor do concelho de Mogadouro, disse à agência Lusa que o sector agrícola está “ao abandono” e denunciou atrasos e cortes nas ajudas. “Não pagaram os subsídios e ajudas à hora certa e estão previstos cortes de 35% nas culturas de agricultura biológica e protecção integrada”, explicou Dário Mendes à Lusa.

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Dário Mendes, produtor do concelho de Mogadouro

Em França, esta quinta-feira e após dez dias de protestos dos agricultores, o primeiro-ministro, Gabriel Attal, disse que quer inscrever "na lei" a soberania alimentar e anunciou novas medidas. Em conferência de imprensa, Gabriel Attal prometeu reforçar a lei Egalim para proteger os salários dos agricultores e anunciou um pacote de 150 milhões de euros de apoio fiscal e social para o sector. O chefe de Governo disse, ainda, querer impedir a importação para França de fruta e legumes tratados com o pesticida "thiaclopride" que é proibido na Europa. Paralelamente, o plano Ecophyto - criado para reduzir o uso de pesticidas - vai ser colocado "em pausa", anunciou o ministro da Agricultura, Marc Fesneau. Em reacção, a Federação Nacional dos Sindicatos Agrícolas e o sindicato Jovens Agricultores apelaram a suspender os bloqueios nas estradas. 

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