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Equador

Equador: Presidente Daniel Noboa declara "conflito armado interno" no país

O Presidente do Equador assinou um decreto executivo em que declara estado de "conflito armado interno" no país, depois de um grupo de homens armados invadir na terça-feira, 9 de Janeiro, os estúdios da televisão pública, interrompendo a emissão em directo.

Equador: Presidente Daniel Noboa declara "conflito armado interno" no país.
Equador: Presidente Daniel Noboa declara "conflito armado interno" no país. AFP - MARCOS PIN
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Um grupo de homens armados invadiu na terça-feira à tarde a televisão pública, na cidade portuária de Guayaquil, fazendo jornalistas e outros funcionários reféns. As imagens foram transmitidas em directo no canal televisivo e os motivos dos agressores são ainda desconhecidos. Desde domingo e a fuga da prisão de um dos principais traficantes de droga do país, aumentaram os motins.

O tiroteio foi transmitido em directo durante vários minutos até à intervenção da polícia. Não foram declarados mortes ou feridos, sabe-se que 13 pessoas foram detidas, anunciou a polícia. “Não atire, por favor, não atire!” ", gritou uma mulher enquanto se ouviam tiros e os agressores a obrigar as pessoas a deitarem-se no chão. “Graças à intervenção [nas instalações] da Televisão, a polícia conseguiu prender os homens armados ”, descreve a polícia equatoriana na rede X.

No terceiro dia de uma crise de segurança sem precedentes, o Presidente do Equador, assinou um decreto executivo em que declara estado de “conflito armado interno” no país. Daniel Noboa ordenou a “neutralização” de grupos criminosos envolvidos no tráfico de droga, dos quais forneceu uma lista exaustiva, ao mesmo tempo que sublinhou a necessidade de as Forças Armadas agirem “com respeito pelos direitos humanos”, segundo um decreto publicado na terça-feira. O texto presidencial ordena “a mobilização e intervenção das forças armadas e da polícia nacional (…) para garantir a soberania e a integridade nacional contra o crime organizado, as organizações terroristas e os beligerantes não estatais”.

Os últimos três dias ficam marcados pela fuga de líderes de gangues, por motins nas prisões, pela proclamação do estado de emergência e pelo sequestro de agentes da polícia. Foram registadas oito mortes e três feridos na cidade portuária de Guayaquil, reduto de gangues do narcotráfico, avançou o chefe de polícia local em conferência de imprensa, acrescentando que dois agentes da polícia também foram “violentamente assassinados por criminosos armados” na cidade vizinha de Nobol.

Apesar da dificuldade em confirmar a veracidade das imagens que circulam nas redes sociais, as imagens transmitem uma ideia da violência e criam uma impressão de caos instalado nalgumas localidades do país: ataques de cocktails molotov, carros incendiados, tiroteios aleatórios contra agentes da polícia e cenas de pânico. No grande porto de Guayaquil, a maioria dos hotéis e restaurantes fecharam as portas, o exército patrulha as ruas. Na capital Quito, lojas e centros comerciais também fecham mais cedo e o ministério da Educação ordenou o encerramento temporário de todas as escolas do país à noite.

O chefe da diplomacia norte-americana para a América Latina, Brian Nichols, afirmou que os Estados Unidos estão “extremamente preocupados com a violência” e que Washington está “em contacto com o presidente Noboa e o governo equatoriano. Pronto a prestar ajuda”. Também o Brasil, Chile, Colômbia e Peru – que desencadeou um estado de emergência nas regiões fronteiriças com o Equador – expressaram apoio a Quito, rejeitando a violência. A China anunciou a suspensão das actividades consulares da embaixada no Equador, bem como as do consulado.

O Presidente mais jovem da história do país, Daniel Noboa, 36 anos, foi eleito em Novembro de 2023, prometendo restaurar a segurança no país. Daniel Noboa declarou estado de emergência durante sessenta dias em todo o país. O exército fica autorizado a manter a ordem nas ruas, com recolher obrigatório à noite. 

O Equador tornou-se um espaço de transição para o tráfico de cocaína – produzida nos vizinhos Peru e Colômbia – para os Estados Unidos e a Europa. O país confronta-se hoje com a violência de gangues criminosos, a maioria gangues de rua que se tornaram actores no tráfico de drogas. O número de homicídios aumentou quase 800% entre 2018 e 2023.

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