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Ucrânia

Urânio empobrecido para a Ucrânia: desumanidade americana diz a Rússia

Ucrânia – A Rússia condenou nesta quinta-feira o anunciado envio pelos Estados Unidos de munições de urânio empobrecido para a Ucrânia. A embaixada russa em Washington na rede Telegram afirmou que tal envio confirma a suposta "desumanidade" dos americanos. Tentámos perceber o que são estas munições e que riscos acarretam.

Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev com o secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken, a 6 de Setembro de 2023.
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev com o secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken, a 6 de Setembro de 2023. AP - Brendan Smialowski
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Segundo a representação russa em Washington os americanos estariam obcecados com a ideia de infligir uma 'derrota estratégica' à Rússia. Para tal, diz a embaixada russa, os Estados Unidos estariam prontos "para lutar não só até ao último ucraniano, mas também para acabar com as gerações futuras".

Ainda na rede Telegram a embaixada russa alega que as explosões destas munições provocam "uma nuvem radioactiva em movimento e pequenas partículas de urânio depositam-se nas vias respiratórias, nos pulmões e no esófago, acumulam-se nos rins e no fígado, provocam cancro e levam à inibição das funções de todo o organismo".

O major general português na reforma, Carlos Branco, explica-nos em que consistem estes projectéis, o que deles se sabe e da respectiva utilização em conflitos, vincando as consequências oncológicas (cancros) que a prazo se podem ter desenvolvido com o contacto com estas munições.

Estes projectéis são, fundamentalmente, munições anti-carro que são usadas nalguns carros de combate. Foram empregues, tanto quanto eu sei, no Iraque e no Kosovo.

 

As consequências são, fundamentalmente a dois níveis: nos militares que manuseiam este equipamento. Ou seja isto causou problemas nos militares da NATO, nomeadamente os militares italianos.Tem fundamental que ver com as poeiras tóxicas que ficam no terreno. Portanto estas poeiras tóxicas podem ser inaladas, mas, depois, provocam, também, a contaminação do terreno e isso, depois, tem consequências no ciclo alimentar. Nos locais onde essas munições foram empregues existe um aumento de doenças oncológicas: cancro do pulmão, cancro ósseo, cancro do esófago, problemas de desenvolvimento degenerativo da pele,  linfomas, leucemias, etc. Temos aqui uma relação causa e efeito que é difícil de estabelecer porque as causas não são imediatas.

 

04:12

Major General Carlos Branco, reformado do exército português, 8/9/2023

Por seu lado o Kremlin alegou ser ilegítima qualquer apreensão de fundos russos, públicos ou privados, numa reacção ao anúncio pelo secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken, nesta quarta-feira na Ucrânia, de que Washington entregaria a Kiev 5,4 milhões de dólares de fundos russos.

Enquanto isso a Rússia tem multiplicado ataques no sul da Ucrânia, na área onde se situam os portos vitais para o comércio no Mar Negro.

Caso da área a Sul de Odessa que foi alvo de um ataque nesta quinta-feira que, segundo fonte ucraniana local, teria provocado estragos, precisamente, nas infraestruturas portuárias.

Entretanto o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou nesta quinta-feira que a contra-ofensiva ucraniana estaria a avançar e que as tropas de Kiev estariam a ganhar terreno em relação aos russos.

A Rússia invadiu a Ucrânia em Fevereiro de 2022 estando a ocupar, actualmente, cerca de 20% do território da Ucrânia.

A aposta de Kiev em reforçar relações com a NATO, na área da defesa, e com a União Europeia, do ponto de vista político, tinha sido mal interpretada por Moscovo que alegava temer pela sua segurança, acabando por invadir a Ucrânia.

A guerra até hoje não parece ter fim à vista: já em 2014 a Rússia tinha ocupado a península ucraniana da Crimeia que acabou por anexar, não obstante a recusa internacional em reconhecer a soberania russa sobre esse território.

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