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Turquia/Ucrânia/Rússia

Negociações em Istambul para desbloquear impasse no acordo dos cereais ucranianos

Retomaram as negociações, na Turquia, sobre o escoamento dos cereais ucranianos com a Rússia a assinalar que não está disposta a prolongar o acordo, que expira dentro de uma semana, se as suas exigências não foram cumpridas. 

Negociações em Istambul para desbloquear impasse no acordo dos cereais ucranianos.
Negociações em Istambul para desbloquear impasse no acordo dos cereais ucranianos. © DADO RUVIC
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O acordo para o escoamento dos cereais ucranianos - assinado em Julho do ano passado pela Rússia, pela Ucrânia, pelas Nações Unidas e pela Turquia, está agora em perigo, depois da Rússia ter confirmado que não o vai prolongar para além de 18 de Maio, data da sua expiração.

Entretanto, nos últimos três dias, os oficiais russos presentes no centro de controlo dos navios, estabelecido em Istambul, e que inspecciona todos os cargueiros que entram ou saem do Mar Negro no âmbito deste acordo, pararam de inspeccionar cargueiros vazios que regressavam à Ucrânia para recarregar com cereais, causando uma enorme fila de espera, com mais de 60 barcos, à entrada do Bósforo. Segundo Moscovo, esses navios não regressariam a Istambul antes de 18 de Maio.

As exportações de cereais ucranianos representam cerca de 10% do mercado mundial do trigo, 15% do milho, e 50% do óleo de girassol, e o bloqueio naval russo aos portos ucranianos no Mar Negro após o início da guerra na Ucrânia fez disparar no ano passado os preços dos cereais por todo o mundo, ameaçando uma grave crise alimentar em muitos países.

Com a mediação da ONU e da Turquia, um acordo foi conseguido para escoar os cereais ucranianos através de um corredor seguro - um marco importante, não só porque este é ainda o único acordo assinado pelas partes beligerantes, como também porque as 30 milhões de toneladas já escoados para os mercados internacionais permitiram estabilizar os preços e afastar o espectro da fome - metade das necessidades do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas proveem de cereais ucranianos, por exemplo.

Ao abrigo do acordo, a Rússia podia também continua a exportar produtos alimentares e fertilizantes, mas Moscovo tem dito nos últimos meses que as sanções internacionais impedem a Rússia de concretizar estes objectivos, porque as seguradoras internacionais não estão dispostas a fazer os seguros para navios russos, ou porque os bancos russos não podem participar nas transacções internacionais. Moscovo exige, pois, o levantamento das sanções para permitir essas exportações.

Moscovo queixa-se também que a maior parte dos cereais ucranianos escoados não chegou aos países mais necessitados - de facto, uma larga fatia acabou em quatro países apenas, China, Espanha, Turquia e Itália.

O acordo tinha uma duração inicial de 4 meses, e foi depois prolongado duas vezes, até 18 de Maio, mas em Março os russos já tinham assinalado que aceitavam um prolongamento de dois meses apenas, após o qual cancelariam o mesmo, caso as suas pretensões não fossem resolvidas.

As negociações que começaram hoje em Istambul, e que continuam amanhã, procuram agora quebrar o impasse.

Ouça a Reportagem do nosso correspondente, José Pedro Tavares.

01:29

Reportagem Turquia 10/05/2023

Cereais ucranianos. Imagem de Arquivo.
Cereais ucranianos. Imagem de Arquivo. © AP - Nariman El-Mofty

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