Sudão: comunidade internacional aproveita tréguas para acelerar evacuações
Sudão – O cessar-fogo de três dias mediado pelos Estados Unidos continua frágil e há relatos de disparos e de ataques. Como aconteceu nos anúncios anteriores de cessar-fogo, os dois lados do conflito acusam-se mutuamente de não respeitar o compromisso.
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A comunidade internacional aproveita o período de tréguas no Sudão para acelerar a retirada de civis.
França foi um dos países que colocou em marcha um plano de transporte com a abertura de uma ponte aérea para Djibuti. O porta-voz do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas confirmou a intervenção dos dois lados conflito nesta missão em larga escala, realizada no último fim-de-semana, no Sudão.
“Os contactos foram feitos atempadamente com os beligerantes a diferentes níveis. As nossas equipas que estavam no terreno estabeleceram os contactos para, por exemplo, diferenciar os veículos da missão dos veículos que participam no conflito”, revelou o Coronel Pierre Gaudillière.
Desde o início dos confrontos, a 15 de Abril, a França já retirou do Sudão mais de 500 pessoas. Ontem, no Conselho de Defesa e Segurança, no Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron sublinhou a importância da cooperação internacional e dos militares franceses para o sucesso de uma "operação exemplar".
Angola retira 10 cidadãos do Sudão
Vários países africanos estão empenhados em trazer de volta os seus cidadãos. Esta quarta-feira, o governo de Angola anunciou a retirada de 10 pessoas, entre elas cinco estudantes que estavam em Cartum.
Através de um comunicado, o ministério das Relações Exteriores destacou que os cinco estudantes foram transportados para a fronteira terrestre entre o Sudão e a Etiópia. "Outros cinco foram transportados para o Egipto”, revela o comunicado.
O processo de evacuação está a ser coordenado com o Departamento de Relações Internacionais e Cooperação (DIRCO) da África do Sul.
Reino Unido transporta mais de 300 pessoas
O Governo britânico anunciou a retirada de 301 pessoas, na sua maioria cidadãos britânicos, numa operação que começou na terça-feira à noite e que envolveu quatro aviões militares.
Em declarações aos jornalistas, o porta-voz do primeiro-ministro Rishi Sunak revelou que mais quatro aviões deverão descolar até ao final desta quarta-feira.
Actualmente, apenas os titulares de passaportes britânicos e as pessoas a seu cargo, e alguns estrangeiros se o espaço o permitir, são autorizados a embarcar em aviões com destino a uma base militar britânica em Chipre. A partir daí, podem voar para o Reino Unido.
Mais de 2.000 cidadãos britânicos pediram às autoridades para sair do Sudão.
Centros de Saúde encerrados
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 60% dos centros de saúde da capital sudanesa estão encerrados.
Em Cartum, "apenas 16% dos centros estão a funcionar normalmente. Muitos doentes com doenças crónicas, como doenças renais, diabetes e cancro, não têm acesso a instalações de saúde ou aos medicamentos de que necessitam", disse o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa.
Entretanto, a OMS revelou que está em curso uma "avaliação exaustiva dos riscos para a saúde", numa altura em que uma das partes do conflito controla um laboratório na capital sudanesa que contém amostras de agentes patogénicos altamente contagiosos, incluindo o sarampo.
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