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#Guerra na Ucrânia

Ucrânia: A “lotaria” nas aldeias da linha da frente em Zaporizhia

A província de Zaporizhia, no Leste da Ucrânia, tem sido alvo de ataques de mísseis nos últimos dias, mas nas aldeias da região o perigo vem da ofensiva terrestre. Reportagem na linha da frente.

Zaporizhia, 5 de Março de 2023.
Zaporizhia, 5 de Março de 2023. © José Pedro Frazão/RFI
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Ao longo do último ano, as aldeias da linha da frente foram sujeitas a vários bombardeamentos, sem aviso prévio. Os militares ucranianos tomam posição para defender os civis e travar qualquer intenção de invasão por parte dos russos, situados a poucos quilómetros.

Verkhnya Tersa é uma dessas aldeias na linha de progressão das forças russas, na província de Zaporizhia. Os militares ucranianos ocupam várias casas desta aldeia de 500 pessoas. Um terço dos habitantes fugiu para zonas mais seguras ou mesmo para o estrangeiro. Neste momento, o inimigo está a quinze quilómetros, mas há um ano os russos chegaram às portas desta terra.

“Os primeiros dias foram muito assustadores. Os russos estavam apenas a quatro quilómetros, mas as nossas forças conseguiram travá-los. Eles nunca irão conseguir tomar esta aldeia”, diz Viktor Tytynik, o presidente da junta de freguesia que agrega vários dos lugares desta zona.

Viktor Tytynik, o presidente da junta de freguesia de Verkhnya Tersa, Ucrânia.
Viktor Tytynik, o presidente da junta de freguesia de Verkhnya Tersa, Ucrânia. © José Pedro Frazão/RFI

Muitas casas foram destruídas e, entretanto, reabilitadas. As três escolas da zona foram arrasadas. Quando a guerra começou, confessa Viktor, houve algum pânico, mas começaram logo a organizar a defesa das aldeias, apesar de não terem armas.

Hoje sentem-se mais seguros, com os militares por perto. Não há alarmes anti-aéreos, é uma lotaria ser atingido.

“Não temos alarmes, mas temos um grande abrigo. E as pessoas têm as suas próprias caves. Já estamos habituados aos bombardeamentos, já conseguimos calcular. Quando ouvimos um ‘rocket’ russo começamos a contar e se não ouvirmos uma explosão ao fim de 14 segundos, significa que o alvo não somos nós”, explica Viktor.

Ao lado, o minimercado Magnolia vai atendendo militares a todo o momento. Há de tudo: comida, produtos de higiene, aqui não é preciso activar a ajuda humanitária. Olecsander tem 20 anos e com o irmão, de 15 anos, vão dando conta da loja, enquanto os pais se abastecem na cidade.

Em Novembro, o pai de Olecsander ficou ligeiramente ferido pelos estilhaços de um engenho russo disparado contra a aldeia. Mas a família não sai dali.

“Sim, tenho medo, os russos podem atacar-nos, mas os nossos militares estão aqui para nos salvar. E eu tenho que ficar por eles porque eles salvaram a minha família”, confessa o jovem habitante da aldeia.

Olecsander, Verkhnya Tersa, Ucrânia. 5 de Março de 2023.
Olecsander, Verkhnya Tersa, Ucrânia. 5 de Março de 2023. © José Pedro Frazão/RFI

Ao longe, ouvem-se as explosões da linha da frente. Os militares percorrem a aldeia em todo o tipo de veículos. É um jogo de espera, de defesa das aldeias, numa das linhas da frente da guerra na Ucrânia.

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