Escândalo de corrupção em Kiev provoca série de demissões de altos responsáveis
Cinco governadores regionais e quatro vice-ministros, entre os quais o da Defesa, Viatcheslav Chapovalov, foram demitidos esta terça-feira das suas funções depois de a imprensa ucraniana revelar no fim-de-semana -entre outros casos- uma alegada sobrefacturação no abastecimento alimentar do exército ucraniano.
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Relativamente a este escândalo que é o primeiro desta importância desde a invasão russa em Fevereiro do ano passado, o jornal ucraniano online ZN.UA referiu que o Ministério da Defesa rubricou para este ano um contrato de 324 milhões de Euros para a aquisição de produtos alimentares básicos por preços "duas a três vezes acima" do seu valor actual.
Na sequência deste «ataque noticioso artificial» denunciado pelo Ministro ucraniano da Defesa, a opção foi demitir o vice-ministro da Defesa Viatcheslav Chapovalov.
Também entre os responsáveis demitidos hoje, figura o chefe ajunto da administração presidencial, Kyrylo Tymochenko, apontado por diversas irregularidades. Em Outubro, ele foi nomeadamente acusado de ter utilizado em proveito próprio um veículo todo-o-terreno que tinha sido doado pela General Motors para finalidades humanitárias.
No domingo, o ministro-adjunto das infra-estruturas, Vassyl Lozinsky, foi detido sob a acusação de ter recebido luvas no valor de 400 mil Dólares para "facilitar" a aquisição de geradores eléctricos com preços acima do seu valor.
Perante a multiplicação das revelações embaraçosas, nesta segunda-feira, o Presidente Zelensky prometeu "decisões relativas aos responsáveis", sendo que este escândalo estala numa altura em que o seu país procura obter mais apoio dos seus parceiros ocidentais após 11 meses de conflito com a Rússia.
Nesta segunda-feira, os chefes da diplomacia dos 27 validaram a disponibilização de um novo pacote de apoio militar no valor de 500 milhões de Euros a favor da Ucrânia.
Continua, todavia, em suspenso a decisão de Berlim quanto à entrega pelos seus parceiros de tanques ‘Leopardo’ de fabricação alemã a Kiev.
A Polónia que se mostra disposta a fornecer estes equipamentos considerados mais potentes do que os carros de assalto russos, já pediu uma autorização formal à Alemanha. Ao confirmar ter recebido este pedido, um porta-voz de Berlim, informou hoje que "ele iria ser examinado com a devida urgência".
Até agora, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz não se posicionou sobre esta matéria. O executivo de Berlim está dividido quanto às consequências que isto poderia ter no rumo do conflito. Perante esta eventualidade, o Kremlin avisou esta terça-feira que a entrega de tanques Leopardo a Kiev "não iria resultar em nada de bom" para as relações russo-alemãs.
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