Emmanuel Macron reticente à entrada da Ucrânia na NATO
Em entrevista a vários jornais internacionais, o presidente francês, Emmanuel Macron, mostrou-se reticente à entrada da Ucrânia na NATO, a aliança militar intergovernamental.
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Para Emmanuel Macron, a entrada da Ucrânia na NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), seria vista pela Rússia como um confronto direto.
O presidente francês quer que sejam dadas "garantias de segurança" tanto à Ucrânia como à Rússia, quando a guerra acabar, para que a negociação com ambas as partes seja possível.
"A entrada da Ucrânia na NATO seria percebida pela Rússia como um confronto. Não é com essa Rússia que queremos" lidar, afirmou, em entrevista a vários jornais, entre os quais o francês Le Monde, o norte-americano The Wall Street Journal e o libanês An Nahar.
"No final, teremos de colocar todos na mesma mesa", insistiu Emmanuel Macron, que não quer que sejam "apenas os chineses e os turcos a negociar no dia seguinte" ao fim das hostilidades.
"Devemos pensar a nossa autonomia estratégica"
Por outro lado, o presidente francês defendeu uma maior autonomia estratégica da Europa, no seio da NATO, com menor dependência dos Estados Unidos.
"Não há arquitetura de segurança europeia sem autonomia estratégica, na NATO e com a NATO, mas não dependente da NATO", sublinhou.
Depois da guerra, deve haver um acordo "que construa uma nova ordem de estabilidade e segurança naquela região da Europa", afirma Macron, referindo-se à Ucrânia e à Europa do Leste. Segundo ele, não se deve pensar a segurança da região apenas através da NATO.
Prioridade deve ser defender "a Ucrânia atual"
Macron defendeu ainda que a Ucrânia deve concentrar o seu esforço militar na recuperação do território ocupado pela Rússia desde 24 de fevereiro, deixando implícito que a devolução da Crimeia pode ser adiada.
Embora a recuperação da península da Crimeia, ocupada e anexada pelos russos em 2014, seja algo quase sagrado para o governo de Kiev, Macron considerou que a prioridade deve ser defender "a Ucrânia atual".
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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