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Tunísia

Tunísia: Arranque das eleições legislativas antecipadas

Na Tunísia, decorre este sábado a primeira volta das eleições legislativas. Mais de nove milhões de eleitores são chamados às urnas. Os tunisinos votam para eleger um novo Parlamento com 161 deputados.

Funcionários carregam urnas num camião militar vigiado que as transportará para um posto de votação no distrito eleitoral de Ariana, perto de Tunes a 16 de Dezembro de 2022, antes das eleiçoes legislativas.
Funcionários carregam urnas num camião militar vigiado que as transportará para um posto de votação no distrito eleitoral de Ariana, perto de Tunes a 16 de Dezembro de 2022, antes das eleiçoes legislativas. AFP - FETHI BELAID
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Após anos de Constituição em Constituição e de presidente em presidente, realizam-se hoje, as primeiras eleições legislativas na Tunísia desde que o presidente Kaïs Saïed assumiu plenos poderes, num golpe de força a 25 de Julho de 2021.

A nova assembleia de 161 deputados (em vez de 217 nas eleições anteriores) substituíra a que Saïed havia destituído na sua chegada ao poder em 2021, após meses de bloqueios politicos desde a ditadura de Zine El-Abidine Ben Ali em 2011 durante a primeira revolta da Primavera Árabe.

Mas segundo a população e os partidos da oposição, estas eleições são consideradas uma "farsa". Os tunisinos dizem estar neste momento preocupados devido aos problemas económicos que  o país atravessa. Uma situação que se traduz num dia a dia cada vez mais precário. 

Há três anos, em 2019, durante as eleições presidenciais, a maioria dos jovens tinha votado em Kaïs Saïed. Mas, desta vez, estão divididos.

Na Tunísia, a taxa de desemprego dos jovens entre os 15 e 24 anos permanece estagnada a 38% e a migraçao irregular para a Europa aumenta constatemente. Este ano, chegaram a Itália mais de 16 000 migrantes tunisinos, um valor que contrasta com 14 342 o ano passado. 

Os analistas receiam que possa existir uma participação muito baixa nestas eleições, apesar dos jovens terem sido incitados a votar.

Segundo um estudo da associação Lam Echaml, que contribui para a promoção da cidadania, 44% dos jovens eleitores dizem ir votar este sábado, ao contrário dos 38% que ainda permanecem indecisos.

A segunda volta esta prevista em Fevereiro ou Março de 2023, data ainda não definida.

Para Raul Braga Pires, politólogo arabista, estamos perante a legitimação da nova constituição. Para o nosso entrevistado, o que vai definir a credibilidade deste escrutínio é a taxa de participação, defendendo que o Presidente deverá sair "minorizado" destas eleições por não conseguir a adesão popular que pretenderia.

Obviamente, que o que esta a acontecer é uma legitimação da reforma constitucional da nova Constituição. Portanto, a Tunísia esta a dizer que está de volta à constitucionalidade.  Neste sentido, deixou de haver dúvidas na comunidade internacional sobre o carácter e as intenções de Kaïs Saïed com esta reforma. O que vai avaliar a credibilidade destas eleições é a taxa de participação e é crível que a taxa de abstenção ande na casa dos 70%, que foi também a mesma taxa de abstenção do referendo à constituição de 25 de Julho. Eu creio que, perante um cenário destes, Kaïs Saïed sai não reforçado, mas minorizado porque não conseguiu esta adesão popular, tanto ao referendo à nova constituição, como a estas eleições. Há um grande apelo ao boicoto da parte da oposição e, portanto, como já houve para o referendo. A intenção é boa, mas muito provavelmente não vai ter um resultado. Ou seja, vai manter a clivagem entre o Presidente e a população.

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