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Economia

Americanos recebem Nobel de Economia pelo seu trabalho sobre crises financeiras

Foi atribuído hoje o prémio Nobel de economia aos estudiosos americanos Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig e o antigo presidente da reserva federal americana entre 2006 e 2014 -durante a crise das subprime de 2008- Ben S. Bernanke, pelo seu trabalho sobre os bancos e as crises financeiras.

Ben Bernanke, Douglas Diamond et Philip Dybvig.
Ben Bernanke, Douglas Diamond et Philip Dybvig. © Nobel Prize Outreach
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O prémio instituído pelo Banco Central da Suécia, denominado como o "Nobel" da economia, foi atribuído nesta segunda-feira aos estudiosos americanos pela "melhoria significativa da compreensão do papel dos bancos na economia, principalmente durante as crises financeiras", considerou hoje a Academia Sueca de Ciências destacando nomeadamente que "uma das conclusões do seu trabalho foi mostrar por que motivo é essencial evitar o colapso dos bancos."

Ainda a propósito do trabalho desenvolvido pelos estudiosos americanos, foi dado particular relevo ao contributo de Ben Bernanke que esteve na chefia da FED durante o período da crise financeira provocada pela falência do Banco de Investimentos Lehman Brothers em 2008. "Num artigo de 1983, Ben Bernanke mostrou, com base em análises estatísticas e fontes históricas, que os movimentos de pânico bancário levaram a falências bancárias e que este mecanismo transformou na década de 1930 uma recessão bastante comum numa depressão, a mais aparatosa e a mais grave que se viu na história moderna", salientou John Hassler, membro do comité do Prémio Nobel de Economia.

Reagindo à atribuição do Nobel de Economia a Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig e a Ben S. Bernanke, o estudioso de origem portuguesa Carlos Vinhas Pereira, professor de Finanças na Universidade Paris Dauphine considera que se trata de "é uma nomeação de circunstância porque muitos especialistas estão a prever uma recessão e uma nova crise financeira".

Para Carlos Vinhas Pereira "o trabalho que estas três pessoas fizeram está completamente adaptado ao que se pode passar" na medida em que foi precisamente desenvolvido em torno da "solidez dos bancos e da necessidade de reforçar ainda mais o ratio desses bancos para poder salvaguardar tanto os clientes como também as economias dos países onde eles estão sediados", pistas que acabaram por ser exploradas depois de 2008, com o estabelecimento de algumas regras mais estritas no funcionamento dos bancos.

Questionado sobre o risco de um novo período de crise, quando assistimos já às consequências da guerra na Ucrânia em termos de aumentos de preços, e quando assistimos igualmente às dificuldades do banco de investimento 'Crédit Suisse' que está perante uma restruturação que provoca nervosismo nos mercados financeiros, Carlos Vinhas Pereira prefere mostrar-se sereno.

"Estamos a assistir às dificuldades de um banco que pode depois ter um grande impacto sobre o resto dos bancos. Esperemos que não seja o caso mas é verdade que com esta subida das taxas, a crise ucraniana e a inflação é um conjuntura que não estava prevista e há uma grande probabilidade de termos uma crise", considera o universitário referindo contudo que "não terá a mesma importância que aquela das subprime porque aquilo era realmente activos tóxicos. Aqui não podemos falar de activos tóxicos".

Com a atribuição nesta segunda-feira do Prémio Nobel da Economia, fecha-se o período de atribuição destes importantes galardões para o ano de 2022. Na semana passada, o Nobel de medicina foi atribuído ao sueco Svante Pääbo, o prémio de física foi concedido ao francês Alain Aspect, ao americano John F. Clauser e ao austríaco Anton Zeilinger, o Nobel de química foi atribuído à americana Carolyn R. Bertozzi, ao seu compatriota K. Barry Sharpless e a Dane Morten Meldal.

Nos últimos dias, foram igualmente galardoados com o Prémio Nobel da Paz o activista bielorrusso Ales Bialiatski, assim como a ONG russa de Defesa dos Direitos Humanos 'Memorial' e o Centro Ucraniano para as liberdades civis. O Nobel de Literatura 2022, por seu turno, foi atribuído à escritora francesa Annie Ernaux.

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