Guiné Conacri : Início de julgamento histórico da violência no estádio da capital
Na Guiné Conacri começa hoje o julgamento do massacre de 28 de Setembro de 2009. Sob pressão do Tribunal Penal Internacional e após oito anos de investigação, onze figuras políticas e militares da antiga junta militar serão julgadas pelo massacre que aconteceu no estádio da capital há 13 anos. Entre os onze réus encontra-se o antigo ditador Moussa Dadis Camara, que regressou à Guiné para assistir ao julgamento.
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É um dia histórico para a Guiné Conacri. O julgamento, que se inicia hoje, tem lugar na nova sala construída para o efeito, no recinto do Tribunal de Conacri.
Entre os acusados encontra-se o antigo chefe da junta militar, Moussa Dadis Camara. Empurrado para o exílio no Burkina Faso após estes acontecimentos, o antigo ditador regressou à Guiné no início desta semana para participar no julgamento. De acordo com o seu adovogado, ele pretende limpar o seu nome perante os juízes :
"Ele tem finalmente a oportunidade de provar a sua inocência e temos esperança de que, com os pequenos elementos que encontrámos neste caso, o Presidente Moussa Dadis Camara sairá deste julgamento com uma absolvição."
Este é o primeiro julgamento por violações dos direitos humanos na história do país. São ao todo 450 os queixosos, cerca de 30 testemunhas directas deverão comparecer perante o tribunal. Para proteger as vítimas e o seu anonimato e permitir um julgamento mais justo e imparcial, o governo guineense adoptou dois textos de lei para garantir a segurança das vitimas. A presidente da associação das vítimas, Asmaou Diallo declarou à AFP que "Esperamos ter uma justiça clara e transparente, não uma paródia de justiça".
Relembre-se que a 28 de Setembro de 2009, milhares de pessoas se reuniram no estadio de Conacri para protestar contra a possível candidatura de Moussa Dadis Camara nas eleições presidenciais de 2010. A manifestação foi brutalmente reprimida pela junta militar no poder fazendo 156 mortos, 109 mulheres foram violadas e mais de 1400 pessoas ficaram feridas, segundo um relatório da ONU.
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