Irão desmente "categoricamente" qualquer elo com ataque contra Salman Rushdie
O Irão desmentiu "categoricamente" ter qualquer elo com o ataque perpetrado contra o escritor de origem indiana Salman Rushdie na sexta-feira quando se preparava a discursar numa conferência em Nova Iorque. O autor dos "Versículos Satânicos", um livro publicado em 1988 considerado como um insulto ao islão pelas correntes mais conservadoras da comunidade muçulmana, encontra-se ainda hospitalizado a recuperar dos seus graves ferimentos.
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Depois de três dias de silêncio em torno do ataque sofrido pelo escritor Salman Rushdie em Nova Iorque, o Irão desmentiu"categoricamente" qualquer elo com o agressor, um americano de origem libanesa de 24 anos que este fim-de-semana foi formalmente acusado de "tentativa de assassínio e agressão".
"Ninguém tem direito de acusar a República Islâmica do Irão", afirmou Nasser Kanani, porta-voz da diplomacia iraniana que responsabilizou o romancista pela sua agressão."Ao insultar as noções sagradas do Islão e ao ultrapassar as linhas vermelhas de mais de um bilião e meio de muçulmanos e de todas as religiões divinas, Salman Rushdie expôs-se à ira e à raiva das pessoas", acrescentou este responsável cujo país emitiu em 1989 uma Fatwa condenando Rushdie à morte, depois da publicação dos seus "Versículos Satânicos", um livro considerado como um insulto ao Islão pelo então homem forte do Irão, o Ayatollah Khomeiny.
Esta Fatwa que nunca chegou a ser oficialmente levantada valeu ao escritor vários anos a viver sob protecção policial e ataques contra os seus tradutores.
A reacção de Teerão vem na sequência ontem de declarações do secretário de Estado Americano Antony Blinken que expressou a sua indignação perante o que qualificou de "júbilo" da imprensa iraniana na sequência do ataque contra Rushdie.
O jornal ultraconservador iraniano 'Kayhan' felicitou o autor da agressão "um homem corajoso e consciente do seu dever que atacou o apóstata e vicioso Salman Rushdie". Outro diário ultraconservador, o 'Javan', considerou que se tratou de uma conspiração dos americanos que "pretendem provavelmente espalhar a islamofobia pelo mundo".
Refira-se, entretanto, que segundo o agente do escritor, Salman Rushdie, 75 anos, continua hospitalizado, está um pouco melhor e já não se encontra sob assistência respiratória desde ontem.
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