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Natureza

Morreu a baleia branca que se perdeu no rio Sena em França

Na noite de terça para quarta-feira, uma beluga macho, também conhecida como baleia branca, foi retirada do rio Sena, em França, por uma equipa de 80 pessoas, gerando uma grande mobilização ao torno do seu salvamento. No entanto, o animal que apresentava um frágil quadro de saúde não resistiu e acabou por morrer. O biólogo português, Élio Vicente, indicou que ter uma baleia desta espécie tão longe do seu habitat é "um caso extraordinário".

Uma beluga ou baleia-branca foi resgatada esta noite do rio Sena, em França.
Uma beluga ou baleia-branca foi resgatada esta noite do rio Sena, em França. © JEAN-FRANCOIS MONIER/AFP
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"Na maior parte dos casos o que acontece é que são animais que se perdem porque são desmamados e quando vão para as suas primeiras inciativas de caça autónoma se perdem ou porque são arrastados por correntes ou porque perante um temporal ficam desnorteados. Há muitos animais que acabam por ter comportamentos mais letárgicos e são arrastados pelos ventos, pelas correntes, pelas marés, porque à medida que o seu processo patológico vai evoluindo começam a ter cada vez menos energia para lutar contra as correntes e vão sendo arrastados ao longo de horas, dias ou semanas para muito longe das suas áreas de distribuição normais", disse Élio Vicente, biólogo marinho, em declarações à RFI.

Élio Vicente é director de convervação do Zoo Marine, em Portugal, e acompanhou a tentativa de resgate desta baleia em França, tendo uma vasta experiência no salvamento de animais marinhos na costa portuguesa. Sendo um anirmal que normalmente vive no Ártico, o especialista ressalva o carácter extraordinário do salvamento desta beluga ou baleia branca.

"No caso de uma beluga, estamos a falar de um caso absolutamente extraordinário", indicou.

As autoridades francesas tentaram salvar a baleia nesta noite, retirando-a do rio Sena onde já tinha percorrido centenas de quilómetros. A operação envolveu pelo menos 80 pessoas, entre eles 20 mergulhadores. A baleia foi retirada e foi transportada para mais perto do mar, mas terá sido eutanasiada já que "o sofrimento era vísivel", segundo os veterinários e biólogos que a acompanhavam.

Neste caso, segundo Élio Vicente, vários factores contribuem para a degeneração do estado de saúde dos animais, nomeadamente o stress de estar num rio e junto a humanos.

"O problema a curto prazo tem a ver com a alimentação, tem a ver com o facto de o animal estar num habitat que não reconhece e com espécies que não reconhece como alimento. Mas o próprio stress da presença de humanos, como embarcações, o ruído inerente a um rio, que para um animal é absolutamente stressante. A própria manipulação por humanos é um dos maiores riscos. Para localizar este animal e recolhe-lo e transportá-lo, isso é um risco tremendo porque são animais razoavelmente sensíveis que não estão habituados ao contacto com uma espécie que é tida como o agressor, como é o caso dos humanos", explicou.

Oiça aqui as declarações de Élio Vicente:

00:57

Élio Vicente fala sobre a morte da Beluga II

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