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Portugal

Portugal enfrenta vaga de calor e incêndios de norte a sul do seu território

A Europa está actualmente a conhecer a sua segunda onda de forte calor, vários países estando a combater as chamas. Portugal vive hoje o seu quarto dia de situação de contingência devido ao agravamento do risco de incêndio e ao tempo quente, com temperaturas muito altas, acima dos 40º, a imprensa portuguesa dando de um morto ontem devido aos incêndios.

Um popular olha para a área ardida pelo incêndio de quarta-feira em Palmela, 14 de julho de 2022. O fogo mobilizou 423 operacionais, com o apoio de 129 meios terrestres.
Um popular olha para a área ardida pelo incêndio de quarta-feira em Palmela, 14 de julho de 2022. O fogo mobilizou 423 operacionais, com o apoio de 129 meios terrestres. LUSA - RUI MINDERICO
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Desde há semana, os fogos têm estado a lavrar de norte da sul de Portugal com especial incidência no centro, na zona de Leiria. De acordo com a imprensa portuguesa, os fogos causaram um morto na zona de Aveiro, no norte, e 12 feridos em Palmela, nas imediações de Lisboa. Para Pedro Matos Soares, professor no Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, nos próximos anos poderão aumentar drasticamente os episódios desta natureza se nada for feito.

Ao aludir ao 'clima histórico' de Portugal entre 1971 a 2000, o estudioso constata que havia “uma a duas ondas de calor em Portugal. E agora já, neste clima que estamos a entrar, estamos a falar de entre duas e três no litoral, ou três no interior”.

Embora refira que a onda de calor que Portugal continental está a atravessar pode nem estar relacionado com as mudanças climáticas, o professor assegura que elas aumentam exponencialmente a eventualidade de se registarem mais episódios de forte calor."Se nós virmos as projecções para as ondas de calor em Portugal, o que nós projectamos para os últimos 30 anos do século, de acordo com o cenário mais gravoso, é termos entre 8 e 10 episódios de calor por ano. Estamos a falar de 10 vezes mais do que temos em clima histórico. Se nós falarmos do cenário (previsto pelos acordos) de Paris, por exemplo, para o final do século estamos a falar de muito menos ondas de calor. Estamos a falar de um aumento de cerca de 2 ondas de calor a mais para o final do século", adverte Pedro Matos Soares.

"O que se passada aqui é que temos uma combinação de um ano muito seco em todo o território e de temperaturas elevadas" refere o cientista que todavia sublinha que existem soluções e que as ondas de forte calor não são uma fatalidade. "As pessoas poderão pensar 'isto é irreversível, é o Apocalipse'. Nada disso. Se nós olharmos para as projecções, de acordo com o cenário de evolução das emissões, se houver um esforço de mitigação das emissões importante, o que nos espera é muito menos severo", conclui o universitário.

De acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente, dos 30 anos mais quentes em Portugal continental entre 1931 a 2020, 21 ocorreram depois de 1990 e 13 depois de 2000, sendo que dos quatro anos mais secos desde 1931, todos se registaram a seguir a 2003.

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