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#Morte de Shireen Abu Akleh

Shireen Abu Akleh: “Uma voz que foi calada”

Milhares de palestinianos participaram, esta quinta-feira, em Ramallah, numa cerimónia de homenagem à jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, que morreu numa operação militar israelita na Cisjordânia ocupada. Shahd Wadi, investigadora em estudos palestinianos feministas, descreve Shireen Abu Akleh como "um símbolo de resistência" e “uma voz que foi calada”, lembrando que “ser jornalista na Palestina é arriscar a vida todos os dias”.

Multidão acompanha corpo da jornalista Shireen Abu Akleh. Ramallah. 12 de Maio de 2022.
Multidão acompanha corpo da jornalista Shireen Abu Akleh. Ramallah. 12 de Maio de 2022. AP - Nasser Nasser
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Shireen Abu Akleh era um dos rostos mais reconhecidos do canal de televisão Al Jazeera e um ícone do jornalismo palestiniano durante 25 anos. A repórter tinha 51 anos, nacionalidade palestiniana e americana, e foi morta a tiro esta, esta quarta-feira, quando cobria uma operação do exército israelita em Jénine, na Cisjordânia ocupada. Ela estava com um grupo de jornalistas e estava claramente identificada como sendo da imprensa graças ao seu colete e ao capacete onde se lia “press”. Ali Samoudi, outro jornalista palestiniano que a acompanhava e que foi ferido no mesmo momento, declarou que nessa altura só ali estavam forças israelitas. Dois outros jornalistas palestinianos do mesmo grupo disseram que o exército israelita disparou deliberadamente contra os repórteres.

A Autoridade Palestiniana, o grupo de países árabes na ONU, a estação televisiva Al Jazeera e o emir do Qatar acusam Israel de a ter assassinado.

As exéquias estão marcadas para esta sexta-feira numa igreja de Jerusalém, cidade onde a jornalista cresceu. Esta quinta-feira, houve uma homenagem oficial em Ramallah e o Presidente da Autoridade Palestiniana prometeu levar o caso ao Tribunal Penal Internacional, depois de ter negado fazer uma investigação conjunta com Israel por “falta de confiança”. Inicialmente, o primeiro-ministro israelita mencionou a possibilidade de o tiro mortal ter sido da autoria de palestinianos, mas agora a versão das autoridades israelitas não nega que a responsabilidade possa ter sido de um dos seus soldados.

Shireen Abu Akleh: “Símbolo de resistência”

Shireen Abu Akleh era “um símbolo de resistência” e “uma voz que foi calada”, disse à RFI a investigadora palestiniana Shahd Wadi. Como para muitos palestinianos, Shahd Wadi viveu a morte da repórter como um choque.

Eu ontem à noite acordava a meio da noite e aparecia a imagem da Shireen Abu Akleh na minha cabeça. Era um assunto que realmente não me deixava dormir”, contou Shahd Wadi que não conhecia pessoalmente a repórter, mas que a acompanhava na televisão.

Esta especialista em estudos palestinianos feministas descreve Shireen Abu Akleh como “um símbolo de resistência” e “uma voz que foi calada”.

A Shireen Abu Akleh foi uma voz que foi calada e foi um assassínio premeditado. Todos os jornalistas que estavam com ela disseram isso. Um grupo de jornalistas identificados com 'Press', não há dúvidas. E colocaram-se num sítio onde estavam visíveis para que o 'sniper' visse que eram jornalistas (…) Toda a gente que estava lá, toda a gente que percebe a situação e conhece o terreno sabe que não há dúvidas”, comenta.

Qualquer pessoa que trabalha no jornalismo palestiniano é um símbolo de resistência. Ser jornalista na Palestina é arriscar a vida todos os dias. Não só ela, todos. (…) São um símbolo de resistência palestiniana só pelo facto de fazerem o seu trabalho e fazerem bem o seu trabalho.

03:43

Investigadora Shahd Wadi sobre Shireen Abu Akleh

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