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Irão / França

Dois franceses detidos por Teerão sob acusação de tentativa de desestabilização

O governo francês confirmou hoje a detenção de dois cidadãos franceses no Irão e reclamou a sua “libertação imediata”, denunciando “uma detenção infundada” por Teerão. As autoridades iranianas mantêm presos vários estrangeiros susceptíveis, segundo ONGs, de serem utilizados como moeda de troca numa altura em que estão em plenas negociações com os seus parceiros internacionais para “ressuscitar” o acordo nuclear assinado em 2015 e enterrado pelos Estados Unidos durante a era Trump.

Porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Saïd Khatibzadeh, no dia 9 de Maio de 2022 em Teerão.
Porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Saïd Khatibzadeh, no dia 9 de Maio de 2022 em Teerão. © Atta Kenare, AFP
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Em comunicado de imprensa, o Ministério francês dos Negócios Estrangeiros indicou "ter sido informado da prisão de dois cidadãos franceses no Irão", um dia depois de Teerão anunciar ter detido dois europeus sob a acusação de terem "entrado no país com o objectivo de provocar o caos e desestabilizar a sociedade". Uma situação perante a qual o governo francês garante estar mobilizado, reclamando a “libertação imediata” dos dois cidadãos franceses.

Fontes próximas do dossier referem que as pessoas detidas seriam uma responsável de um sindicato de professores e o seu companheiro, num contexto em que o país tem sido abalado por ondas de manifestações de professores que reclamam melhores condições de trabalho.

Estas detenções acontecem igualmente numa altura em que Teerão tem estado há vários meses a tentar reactivar o acordo sobre o seu programa nuclear assinado em 2015 com a União Europeia, Rússia, China, os Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e a Alemanha e entretanto abandonado por Washington, durante a era Trump, em 2018.

De acordo com ONGs ocidentais, as autoridades iranianas mantêm prisioneiros vários estrangeiros, por motivos qualificados de políticos, no intuito de usá-los como meio de pressão nas negociações.

Entre os ocidentais mantidos presos por Teerão, figuram nomeadamente o francês Benjamin Brière, de 30 anos, detido em Maio de 2020 por tirar "fotografias de áreas proibidas", ou ainda a investigadora franco-iraniana Fariba Adelkhah detida desde Junho de 2019 e condenada em Maio de 2020 a cinco anos de prisão por “violações da segurança nacional”, uma pena que está a cumprir em regime de prisão domiciliar.

Estas novas detenções são anunciadas numa altura em que Enrique Mota, o negociador da União Europeia que coordena as negociações sobre o nuclear iraniano, se encontra no Irão.

Depois das conversações directas entre os vários signatários do acordo nuclear terem fracassado em Março, Teerão reclamou no mês seguinte uma nova reunião para tentar novamente chegar a um consenso e aliviar as sanções que atrofiam a economia do Irão.

Um dos principais obstáculos encontrados pelos negociadores relaciona-se com a exigência feita pelo Irão de se retirar os ‘guardiões da Revolução’ da lista negra americana de "organizações terroristas estrangeiras", uma exigência à qual Washington não tem dado sinais de ceder.

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