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China

OMS considera que estratégia ‘zero covid’ da China “não é sustentável”

A estratégia de combate à covid-19 adoptada pela China desde o início da pandemia consistindo em colocar populações inteiras em confinamento “não é sustentável” do ponto de vista da OMS.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. REUTERS - DENIS BALIBOUSE
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Em conferência de imprensa ontem em Genebra, o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse “não achar que a estratégia de ‘zero covid’ seja sustentável, considerando o comportamento actual do vírus e o que se prevê no futuro”, sendo que a seu ver “uma mudança seria muito importante”.

No mesmo sentido, o director de emergências da OMS, Michael Ryan, realçou que quaisquer medidas para combater a pandemia devem mostrar o “devido respeito pelos direitos individuais e humanos”.

A China tem estado nestas últimas semanas a atravessar o pior surto da doença desde que se registaram os primeiros casos de covid-19 no país em finais de 2019, onde de acordo com dados oficiais, a doença terá provocado um pouco mais de 5 mil mortos sobre um total de 220.397 infecções, um balanço que Pequim atribui à aplicação da sua estratégia ‘zero covid’.

Desde o coméço de Abril, as autoridades chinesas mantém reclusos os 25 milhões de habitantes de Xangai, capital económica do país, devido ao surgimento de casos de coronavírus.

Esta situação tem estado a gerar uma crescente onda de descontentamento no seio da população, tanto mais que no resto do mundo a tendência tem sido de levantar as restricções.

Pequim denuncia "críticas irresponsáveis"

Esta crítica pouco habitual da OMS às escolhas de Pequim em matéria de luta contra covid-19, não foi publicamente comentada na imprensa local, tendo sido inclusivamente ocultada nas redes sociais chinesas.

Globalmente, as autoridades chinesas não fizeram referência ao assunto, com excepção do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros que, através do seu porta-voz, Zhao Lijian, disse «esperar que os indíviduos em questão possam encarar a política da China perante a covid de forma objectiva, racional e com conhecimento dos factos em vez de fazer comentários irresponsáveis».

Pequim que diz colocar a vida humana em primeiro lugar, apontou ainda os milhões de mortos provocados pela pandemia nos outros país do mundo que, na sua larga maioria, optaram por "viver com o vírus".

Estudo aponta que em caso de alívio das restricções pode haver 1,6 milhões de mortos

Entretanto, de acordo com um estudo da Universidade de Fudan, em Xangai, publicado ontem pela revista científica ‘Nature’, a China correria o risco de registar cerca de 1,6 milhões de mortos, no caso de abrandar as restricções que tem vindo a aplicar até agora.

Com base num modelo desenvolvido em conjunto por especialistas chineses e norte-americanos, esse estudo estima que a variante Ómicron da covid-19, altamente contagiosa, poderia causar 112 milhões de casos sintomáticos, com 2,7 milhões de pessoas a precisar de cuidados intensivos, o que representaria uma sobrecarga do sistema hospitalar chinês 16 vezes superior às suas capacidades actuais.

O estudo avança ainda que devido à baixa taxa de vacinação das camadas da população acima dos 60 anos, três quartos (74,7%) dos óbitos ocorreriam precisamente nesta faixa da população.

Daí que os autores do estudo recomendem prioritariamente que “a longo prazo, se melhore a ventilação, se fortaleça a capacidade dos cuidados intensivos e se desenvolvam novas vacinas altamente eficazes, com persistência imunológica”.

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