Líder da Frontex demite-se devido a acusações de más práticas contra imigrantes

Fabrice Leggeri, líder da Frontex, agência europeia que controla as fronteiras externas dos 27 Estados-membros, apresentou a sua demissão após um relatório das instituições europeias dar conta de práticas de expulsão abusivas de imigrantes e má conduta por parte da Frontex.

Fabrice Leggeri, director-geral da Frontex, demitiu-se devido a acusações de má conduta contra o imigrantes que tentam chegar à Europa. AP - Darko Vojinovic

Fabrice Leggeri estava à frente da Frontex desde 2015 e apresentou na sexta-feira a sua demissão na sequência de um relatório do Gabinete Europeu de Luta Anti-Fraude que recomendou a abertura de um inquérito a este alto funcionário devido a "má conduta", "expulsão ilegal" e "assédio" em relação aos migrantes que chegam às fronteiras dos 27.

A Frontex teria identificado certas operações com migrantes em águas gregas, como tendo acontecido em águas turcas de forma a reenviar as pessoas para fora da União Europeia. Outras missões têm sido postas em causa por organizações não-governamentais que querem saber mais detalhes sobre o tratamento dos imigrantes que chegam às fronteiras europeias.

Desde 2015 que a Frontex, agência europeia que patrulha e controla as fronteiras europeias, tem vindo a aumentar  a sua importância e o seu orçamento que é actualmente de 544 milhões de euros, tornando-se a maior agência europeia. Até 2027, a Frontex vai contar até 10 mil agentes operacionais e 900 milhões de euros de orçamento.

Em 2021, a ONU contabilizou pelo menos 3.000 mortos entre os imigrantes que tentaram chegar ilegalmente à Europa, com mais de 1.900 pessoas a terem morrido ao tentarem atravessar o Mediterrâneo e mais de 1.100 desapareceram vindos das Canárias, segundo a agência para os refugiados da ONU. O número de mortos a tentarem chegar à Europa duplicou de 2020 para 2021.

O agora ex-director-geral da Frontex defende-se na imprensa francesa, afirmando que as autoridades europeias precisam "clarificar" a missão desta agência e que o seu mandato foi modificado "silenciosamente" nos últimos anos.