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Guerra Rússia/Ucrânia

Ucrânia: "A Rússia está a assumir um papel cada vez mais reactivo"

No 52° dia da invasão russa à Ucrânia, Moscovo anunciou que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e outros altos funcionários britânicos estão proibidos de entrar no país. Esta é a forma de Moscovo retaliar, devido às sanções aplicadas por Londres, na sequência do conflito na Ucrânia. Entretanto, em terreno ucraniano, a ofensiva russa avança.

Moradores olham para um incêndio em lojas, após um ataque russo em Kharkiv, na Ucrânia. 11 de Abril de 2022.
Moradores olham para um incêndio em lojas, após um ataque russo em Kharkiv, na Ucrânia. 11 de Abril de 2022. AP - Felipe Dana
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Para Maria Ferreira, professora de Relações Internacionais do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade de Lisboa, a Rússia está "a assumir um papel cada vez mais reactivo perante os acontecimentos da guerra".

A docente começou por explicar-nos o motivo desta afirmação e falou acerca de um factor surpresa por parte de Kiev: um maior equilíbrio no terreno.

"Ao contrário do que seria de esperar, perante a assimetria de forças entre a Ucrânia e a Rússia, aquilo que está a acontecer é a existência de um equilíbrio maior no terreno, que, por um lado, desvaloriza o processo negocial entre a Rússia e a Ucrânia e, por outro, põe a Rússia numa posição bastante reactiva e bastante defensiva", começou por defender, ao microfone da RFI, explicando que estes poderão ter sido os motivos que levaram Moscovo a responder com estas expulsões, relativas a membros do governo britânico.

Maria Ferreira falou ainda acerca dos últimos acontecimentos na Ucrânia: "Não podemos esquecer que hoje a Rússia também atacou uma fábrica de armamento em Kiev, em resposta ao afundamento de um navio russo no mar Negro".

"E, sobretudo, não nos podemos esquecer de que a possível adesão da Suécia e da Finlândia à NATO também provocou uma resposta reactiva da Rússia, que ameaça com a nuclearização do Báltico", recordou a docente universitária, afirmando que os acontecimentos dos últimos dias estão "a reconfigurar o mapa da segurança internacional na Europa".

Ouça aqui parte do comentário:

01:40

Comentário Professora Maria Ferreira sobre próximos passos da Rússia na Ucrânia, 16-04-2022

Maria Ferreira reitera o facto de que a Rússia não estava à espera de um equilíbrio de situação no terreno e, nesse sentido, considera que o Kremlin será obrigado a repensar a sua estratégia.

Para a professora, especialista em Relações Internacionais, a Rússia está a entrar num "jogo verbal entre a possibilidade de continuar a usar armas convencionais e a possibilidade de escalar para armas nucleares tácticas, ou seja, armas que teriam um menor efeito dos que as tradicionais armas nucleares".

"Esta distinção entre diversos tipos de armas nucleares é, no fundo, uma distinção que tem sentido porque, neste momento, as armas nucleares tácticas já provocam uma destruição maior do que as armas que foram utilizadas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão", explicou.

De salientar que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje, em entrevista à CNN Portugal que “todos os países do mundo” devem estar preparados para uma ofensiva nuclear de Putin na Ucrânia, conforme exemplificou Maria Ferreira.

"A Rússia quando, por exemplo, ameaça com a nuclearização do Báltico está a entrar num jogo verbal que, aliás, é acompanhado por Zelensky, na ameaça aos países ocidentais, de que vai utilizar armas nucleares, começando por usar armas nucleares tácticas, sabendo, de antemão, que isso teria consequências devastadoras e que iria provocar aquilo que exactamente a Rússia não quer, que é a entrada da NATO no conflito", rematou.

Ouça o restante comentário de Maria Ferreira:

01:20

Comentário Professora Maria Ferreira, sobre utilização de armas nucleares na Ucrânia, 16-04-2022

 

Entretanto, no terreno a violência continua e a ofensiva russa avança. Este sábado de manhã foram ouvidas várias explosões nos arredores de Kiev, capital ucraniana, e também em várias cidades no leste do país, o que confirma a tese que o Reino Unido tem vindo a veicular nos últimos dias, de que Moscovo estaria a reagrupar forças para avançar para uma ofensiva nesta região da Ucrânia. Os ataques das últimas horas já provocaram dezenas de mortos.

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