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Morte/ Jornalista Max Stahl

Timor-Leste lembra contributo do jornalista Max Stahl

Morreu Christopher Wenner, mais conhecido como Max Stahl, o jornalista britânico que em 1991 filmou às escondidas o Massacre do Cemitério de Santa Cruz, em Díli. Imagens que, em larga escala, contribuiram para que o mundo despertasse para a situação da opressão indonésia em Timor-Leste. O jornalista faleceu esta quarta-feira, 27 de Outubro, na Austrália, vítima de doença. 

Max Stahl morreu esta qurta-feira aos 66 anos.
Max Stahl morreu esta qurta-feira aos 66 anos. © Facebook José Ramos Horta
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José Ramos Horta, antigo presidente timorense e Prémio Nobel da paz, era amigo próximo de Max Stahl.

"Convivi com Max Stahl desde 1991, ficou aqui em minha casa uns meses há uns anos, depois do massacre no cemitério de Santa Cruz que ele, portanto, divulgou ao mundo através da sua coragem e sacudiu a comunidade internacional do sono profundo em relação a Timor-Leste", começou por dizer o antigo chefe de Estado.

O ex-presidente considera, no entanto, que o seu legado não ficou por aí: "Antes do referendo, entre 1991 -1999, ele continuou a fazer campanha a mostrar o filme, a falar do massacre de Santa Cruz, mas também com actualizações da situação pós Santa Cruz".

"Após a independência, em 2002, com a noite da restauração da independência, as celebrações, ele retomou as filmagens para registar cada minuto, cada hora, cada dia da construção do Estado, da construção da nação, da consolidação da democracia e paz em Timor. Ele tem milhares e milhares de horas de filmagens", rematou José Ramos Horta.

Ouça aqui um excerto da entrevista dada por José Ramos Horta a Miguel Martins:

01:01

Entrevista José Ramos Horta sobre morte de Max Stahl

O jornalista britânico Max Stahl, falecido de doença na Austrália, tem horas de filmagens de Timor-Leste, onde as suas imagens do Massacre do Cemitério de Santa Cruz, em Díli, em 1991, deram a volta ao mundo e contribuiram para o avanço da causa timorense. José Ramos Horta sublinha a importância do legado de Max Stahl.

"Desde 1991, depois os eventos de 1996 e da construção do Estado, desde 2002 até hoje, 2021 são milhares de horas que estão guardadas no Centro Audiovisual Francês, em Paris, e na Universidade de Coimbra, em Portugal", recordou.

O ex-presidente de Timor-Leste falou ainda sobre a instituição que vai nascer no país: "Aqui em Timor Leste vai ser instítuido formalmente como uma instituição autónoma, financiada pelo Estado, do Centro Audiovisual Max Stahl, que não é só para homenagear o Max Stahl, mas é uma instituição pedagógica, académica para o povo de Timor, para as gerações vindouras".

Por fim, José Ramos Horta lamentou depois a morte do amigo, de 66 anos, que perdeu uma longa batalha contra uma doença oncológica. 

"A cidadania foi-lhe atribuída por um acto do Parlamento Nacional de Timor, além da condecoração Ordem de Timor-Leste, a condecoração mais elevada do Estado de Timor, bem merecida também. Enfim, é uma grande tristeza, uma grande perda, uma injustiça ele partir tão cedo e ter sofrido tanto nestes anos de luta contra o cancro".

Ouça outro excerto do ex-presidente timorense:

01:11

Entrevista José Ramos Horta legado Max Stahl

De salientar que Max Stahl completou os seus estudos em literatura na Universidade de Oxford e era poliglota. O jornalista dominava várias línguas, entre elas o português e o tétum, línguas oficiais de Timor-Leste.

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