China refuta ingerências em Macau denunciadas pelo Parlamento Europeu
O Ministério chinês dos negócios estrangeiros e o governo de Macau refutaram as críticas do Parlamento Europeu desta quinta-feira quanto ao suposto desrespeito da Lei básica do antigo território português e das disposições da Declaração entre Pequim e Lisboa quanto ao processo de transição em curso.
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A China refuta o teor do relatório do Parlamento Europeu desta quinta-feira denunciando a ingerência de Pequim nas recentes eleições de Macau, onde mais de 20 candidatos à Assembleia legislativa ficaram excluídos da corrida, ou no controlo dos meios de comunicação social públicos do antigo território português.
A China denunciou "preconceitos e mentiras" no documento do Parlamento Europeu, segundo a agência de notícias Xinhua citando o Gabinete do Comissário do Ministério chinês dos negócios estrangeiros da China na Região administrativa especial de Macau.
E isto enquanto o governo macaense, citado pela agência Lusa, garantia que as eleições do passado domingo decorreram "de forma ordenada e em cumprimento da Lei Básica".
Ora os eurodeputados apontam, precisamente, o dedo a Pequim quanto ao desrespeito desta Lei Básica, que rege a vida em Macau até 2049.
Um documento que é produto de disposições acordadas entre a China e Portugal desde a transferência de soberania do território em 1999 de Lisboa para Pequim.
Nuno Melo, eurodeputado português, denuncia esse suposto desrespeito dos acordos assumidos pela China com Portugal relativamente a Macau.
"Tem que ver com as obrigações e com os compromissos da China perante o Estado português a propósito da entrega do território de Macau na base de garantias, entre outras, de que não existiriam essas interferências nos processos eleitorais e junto da comunicação social."
Nuno Melo, eurodeputado português, sobre desrespeito pela China dos acordos com Portugal, 17/9/2021
O eurodeputado português Nuno Melo afirma que a China reage sempre ofuscada às críticas que lhe são apontadas.
"Em qualquer expressão que belisque os interesses da China, veja o que sucede nas águas territoriais que a China reclama para si, nos conflitos que vai mantendo com o Vietname, ou com outros países da sua influência regional, tudo o que tem que ver com Taiwan, tudo o que seja uma afirmação externa sobre realidades que a China entende como suas, a China reage assim.
É também, em certa medida, uma forma cultural. São afirmações da sua soberania perante o mundo" remata o eurodeputado lembrando o melindre de Pequim pelas interferências externas até há pouco tempo, onde até ao final da década de 90, Hong Kong e a Macau estavam ainda sob administração europeias, respectivamente do Reino Unido e de Portugal.
Nuno Melo, eurodeputado português, sobre reacção chinesa às críticas, 17/9/2021
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