Covid-19 agrava pobreza e desigualdades na Turquia

A pandemia de Covid-19 está a agravar a pobreza e as desigualdades sociais na Turquia. A economia deverá crescer este ano, mas a baixa taxa de vacinação poderá ser um problema.

Ancara, 11 de Julho de 2021. AFP - ADEM ALTAN

Enquanto os números da pandemia de Covid-19 teimam em não aliviar na Turquia - esta quarta-feira registaram-se mais de 28.000 novas infeções e 248 óbitos - uma análise recente do instituto estatístico turco revela um impacto mais profundo da crise sanitária. No ano passado, mais de 700.000 turcos cairam no limiar de pobreza, enquanto as desigualdades sociais aumentaram no país, consequência da crise económica provocada pelo vírus.

A desigualdade económica entre diferentes grupos da sociedade piorou no ano passado, levando a Turquia a um nível comparável ao do Brasil, México e África do Sul. Os 20% mais ricos receberam 47,5% dos rendimentos totais, enquanto os 20% mais pobres apenas receberam 6%. A taxa de pobreza aumentou 0,6% e inclui agora 22% da população, ou seja, 18 milhões de pessoas. O produto interno bruto do país caiu cerca de 10% em 2020.

Muitos especialistas apontam o dedo ao governo que, ao contrário de outros países, não terá dispensado os recursos necessários para ajudar os grupos mais vulneráveis.

Dados recentes fornecidos pelas autoridades apontam para um crescimento da economia no segundo trimestre deste ano de cerca de 21,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o país estava totalmente fechado. Segundo o ministério do Comércio, as exportações turcas nos primeiros oito meses do ano aumentaram 37% em relação ao mesmo período do ano passado, eventualmente ajudadas pelo alto custo do transporte de carga, o que levou muitos importadores europeus a optarem por comprar na Turquia o que antes traziam da China, e pela desvalorização da lira que caiu 17% nos últimos 12 meses, tornando os produtos turcos mais baratos.

A economia turca deverá crescer 9% este ano, mas a inflação, que ronda os 19%, continua a ser um problema. Crucial será o comportamento da pandemia nos próximos meses: apenas 49% da população na Turquia se encontra totalmente vacinada (a taxa de vacinação é de 81% em Portugal) e muitas pessoas foram vacinadas com a chinesa Sinovac que seria menos eficaz contra a variante Delta.

Oiça aqui a reportagem de José Pedro Tavares, correspondente da RFI em Ancara.

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Correspondência da Turquia, 16/9/2021