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Afeganistão

Líder dos Talibãs diz-se "a favor de uma solução política" no Afeganistão

Depois de ter sido retomado ontem o diálogo em Doha entre o governo afegão e os Talibãs, numa altura em que continuam os combates no terreno, o líder dos insurrectos declarou-se hoje "resolutamente a favor de uma solução política" no Afeganistão, "apesar do avanço e das vitórias militares" do seu campo nos últimos meses. 

Membros da delegação dos Talibãs nas discussões de paz de Doha, no Qatar, ontem no dia 17 de Julho de 2021.
Membros da delegação dos Talibãs nas discussões de paz de Doha, no Qatar, ontem no dia 17 de Julho de 2021. KARIM JAAFAR AFP
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"Em vez de depender de estrangeiros, podemos resolver os nossos problemas entre nós (afegãos) e salvar a nossa pátria da crise". Foi o que declarou Hibatullah Akhundzada hoje numa mensagem por ocasião da festa muçulmana do sacrifício, o Aïd el Adha.

Retomado oficialmente no passado mês de Setembro, o diálogo estava no ponto morto até ontem. Neste sábado, as delegações reataram as discussões em Doha, no Qatar, no intuito de definir o futuro do Afeganistão numa altura em que os Estados Unidos, aliados do governo, estão prestes a terminar a retirada das suas tropas em finais de Agosto, após vinte anos de presença no país.

"Do nosso lado, estamos determinados em encontrar uma solução pelo diálogo, mas o campo adverso continua a perder tempo”, acrescentou o chefe dos Talibãs referindo-se às vitórias do seu campo no terreno. Nos últimos meses, as tropas governamentais que já não podem contar com o apoio dos americanos, têm perdido o controlo de boa parte do país. Desde o seu início em Maio, a ofensiva Talibã permitiu aos insurrectos conquistar vastas áreas rurais do país, assim como os principais postos fronteiriços com o Irão, Turcomenistão, Tajiquistão e Paquistão. As tropas governamentais já só controlam os principais eixos rodoviaários e as capitais provinciais.

Na sua mensagem, Hibatullah Akhundzada prometeu o restabelecimento do Emirado Islâmico que vigorou entre 1996 e 2001, até serem afastados do poder pela aliança liderada pelos Estados Unidos. De acordo com o chefe Talibã, o regime que pretendem restabelecer “quer relações diplomáticas, económicas e políticas boas e fortes com todos os países do mundo, inclusivamente com os Estados Unidos”.

No rol de garantias que o chefe Talibã apresentou, ele prometeu a alfabetização e garantiu que "o Emirado Islâmico terá um cuidado especial em criar um ambiente adequado para a educação das meninas", algo que não acontecia quando estiveram no poder, o responsável tendo também assegurado aos jornalistas o seu "compromisso com a liberdade de expressão, dentro dos limites da Sharia e dos interesses nacionais".

Esta mudança de tom que tem vindo a ser progressivamente operada pelos Talibãs, não convence totalmente. Perante o seu avanço no terreno, nestes últimos dias, tanto a França, como a India, a China, a Alemanha e o Canadá mandaram repatriar os seus cidadãos radicados no Afeganistão.

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