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Brexit/Irlanda do Norte

Primeira-ministra da Irlanda do Norte demitiu-se

A primeira-ministra da Irlanda do Norte, Arlene Foster, anunciou hoje a sua demissão, no mesmo dia em que o Parlamento europeu ratificou o acordo comercial entre os 27 e o Reino Unido, na sequência do Brexit, um acordo obtido a 24 de Dezembro passado.

Arlene Foster acabou por apresentar a sua demissão do cargo de primeira-ministra da Irlanda do Norte.
Arlene Foster acabou por apresentar a sua demissão do cargo de primeira-ministra da Irlanda do Norte. © Paul Faith AFP/Arquivos
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Este Acordo comercial não está, porém, a ser cumprido na opinião de Hélder Macedo, professor no Kings College de Londres, nomeadamente, no que diz respeito especificamente à Irlanda do Norte.

02:19

Hélder Macedo, professor universitário no Kings College em Londres, 28/4/2021

Na sequência da aplicação do Brexit, e para evitar uma nova fronteira entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte o acordo com os 27 previa a existência de controlos alfândegários entre este território e a Grã-Bretanha.

Este ponto era muito contestado pelos unionistas, partido de que era oriunda a primeira-ministra, alegando que se criava uma cisão inadmissível no seio do Reino Unido.

A Irlanda do Norte onde a violência tem voltado a imperar devido a essa contestação. Arlene Foster anunciou que ela deixaria o cargo de primeira-ministra no final de Junho e que, no fim de Maio, abandonaria a liderança dos unionistas demonstrando-se disposta a trabalhar com o seu sucessor, para assegurar a transição.

A saída de Foster abre um período de incerteza na liderança do governo da Irlanda do Norte, partilhado com os republicanos na sequência do Acordo de paz da Sexta-feira santa que em 1998 pôs fim a três décadas de violência.

As peripécias na Irlanda do Norte ocorrem numa altura em que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, embora saudando a aprovação pelos eurodeputados do Acordo comercial com o Reino Unido deixou recados de firmeza a Londres.

"É essencial uma implementação fiel do tratado" explicou a dirigente europeia quando tem sido muito denunciada a falta de cumprimento por parte do Reino Unido, nomeadamente, da questão relativa à Irlanda do Norte.

O Acordo em causa foi aprovado a 24 de Dezembro passado e a sua aplicação provisória deveria já terminar na sexta-feira.

O Reino Unido deixou a União Europeia, à qual pertencia desde 1973, a 31 de Janeiro do ano passado, mas a saída só foi efectiva no início deste ano.

Hélder Macedo alega que o Acordo entre os 27 e o Reino Unido está "cheio de lacunas e criando vários problemas, que levaram já, inclusivamente, a ameaças por parte da União Europeia em relação ao não cumprimento do acordo por parte do Reino Unido."

O professor universitário na capital britânica lembra os recados deixados por Bruxelas a Londres no dossier e afirma que o Reino Unido "tem tido a sorte ou o azar, no meio da crise do Covid (...) os problemas que seriam muito mais gritantes, muito mais evidentes em relação à implementação do acordo do Brexit têm sido, de algum modo, minimizados".

"O problema em relação à Irlanda do Norte é seriíssimo: haver uma moção de não confiança em relação à Arlene Foster mostra o profundo descontentamento. Tem havido novos problemas na Irlanda, com a administração americana agora muito favorável à União Europeia e, sobretudo, em defesa dos interesses da Irlanda, o problema está longe de estar resolvido.

Mas [a aprovação do Acordo com o Reino Unido] era uma etapa, se quiser legal, ou pelo menos, formal, de aceitação do acordo, tal qual foi feito. Mas o acordo tal qual foi feito não está a ser cumprido" conclui Hélder Macedo.

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