Bloqueio do Canal do Suez custa 3,5 milhões euros/hora

O encalhamento no Canal do Suez desde 23 de março do cargueiro japonês Ever Given, da companhia taiwanesa Ever Green, no Canal do Suez, está a bloquear 8 mil milhões de euros em mercadorias, o que é o equivalente a um quinto do orçamento anual do Egipto. O canal tem uma importância fulcral já que 12% do comércio internacional em cargueiros passa neste curso de água que liga a Europa e a Ásia.

Escavadora, tenta desencravar a proa do cargueiro Ever Green de 400 metros, bloqueado no Canal do Suez, desde 24 de março - Suez CANAL/AFP

Entre as 160 embarcações à espera de um desbloqueio nos dois lados do Canal do Suez, há 24 petroleiros, o que já provocou uma subida global de 2% nos preços do petróleo.

O Evergreen, navio japonês da companhia taiwanesa Evergreen Marine Corporation, foi fabricado em 2018 e é um dos maiores navios cargueiros do mundo, capaz de transportar 20.000 contentores e mede 400 metros de comprimento - o equivalente a 4 campos de futebol.

O cargueiro ficou atravessado no Canal do Suez a 23 de março, devido a ventos fortes e a uma tempestade de areia, que reduziu a visibilidade.

Inicialmente, o governo egípcio declarou que o problema iria ser resolvido numa questão de horas. Porém, quatro dias depois, uma empresa holandesa Smit que foi contratada para coordenar os trabalhos de dragagem e esvaziamento do navio, afirmou que o desbloqueio poderá durar semanas.

Esta informação foi entretanto contrariada nesta sexta-feira, 26 de março, pelo governo egípcio, que afirma que a dragagem, junto à proa do Ever Green, atingiu já 87% do objectivo.

O tamanho dos cargueiros duplicou nos últimos 10 anos, devido à expansão do comércio mundial. Desta feita, o Canal do Suez, construído em finais do século XIX, não foi suficientemente grande para evitar um percalço, que está a custar 3.5 milhões de € por hora e poderá levar alguns dos navios a optarem por navegar 15.000 milhas marítimas suplementares, contornando o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança para atingir os seus destinos, o que implicará também gastos suplementares.

01:27

Pedro Costa Gomes, correspondente no Egipto