Líbano: nova dimensão de uma crise monumental
A crise socioeconómica no Líbano agrava-se nos últimos dias, com a desvalorização da libra e uma inflacção galopante, nos preços dos produtos essenciais e o próprio exército já não tem carne nas suas refeições desde o ano passado e depende, em grande parte, de ajudas internacionais para se sustentar, estima-se ainda que devido à crise 1.000 médicos abandonaram o país desde 2019.
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A crise socioeconómica no Líbano tem vindo a agravar-se nos últimos dias, com o valor da libra libanesa a atingir novos recordes de queda (chegou às 15.000 para o dólar no mercado negro na semana passada), causando uma inflacção ainda maior, nomeadamente nos preços de produtos essenciais, como o pão (cujos valores já foram aumentados pelo Ministério da Economia duas vezes no mês de Março) e o próprio exército libanês já não tem carne nas suas refeições desde o ano passado e tem, em grande parte, dependendo de ajudas internacionais para se sustentar.
Esta instabilidade económica tem levado diversos supermercados a encerrar temporariamente por estarem a ter prejuízo com a imprevisibilidade da moeda libanesa.
Há também uma evidente escassez de gasolina e durante as duas últimas semanas grande parte das estações de serviço não permitiu o abastecimento de combustível aos consumidores.
A crise tem alastrado também à qualidade de vida dos Libaneses, com cortes de electricidade cada vez mais frequentes e extensos, inclusive no centro de Beirute.
Com uma taxa de desemprego galopante, desvalorização da moeda e do poder de compra dos libaneses, muitos profissionais de saúde têm emigrado, estimando-se que mais de 1000 médicos tenham saído do Líbano desde finais de 2019.
Teme-se ainda que o impasse político entre o Presidente Michel Aoun e Saad Hariri e a respectiva incapacidade de formar um novo governo e exercer novas medidas e reformas para o país - apesar das pressões internacionais, nomeadamente por parte do Presidente francês Emmanuel Macron - leve o Líbano a uma crise ainda mais profunda e que haja uma escalada de violência reminiscente dos tempos da guerra civil.
João Sousa, correspondente em Beirute 24/03/2021
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