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Cimeira Quad/Segurança/Indo-Pacífico/China

Quad debate segurança na região Indo-Pacífico, face à escalada da China na região

O Presidente Joe Biden e o primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, participam nesta sexta-feira, 12 de março, com os seus homólogos australiano e indiano, na cimeira virtual do Quad, o mecanismo de diálogo quadrilateral para a segurança na região Indo-Pacífico, com em pano de fundo a escalada da China na região.

Da esquerda para a direita: chefes das diplomacias da Índia -Subrahmanyam Jaishankar, do Japão - Toshimitsu Motegi, da Austrália - Marise Payne e dos Estados Unidos - Mike Pompeo, durante um encontro sobre o Quad em Tóquio a 6/10/2020.
Da esquerda para a direita: chefes das diplomacias da Índia -Subrahmanyam Jaishankar, do Japão - Toshimitsu Motegi, da Austrália - Marise Payne e dos Estados Unidos - Mike Pompeo, durante um encontro sobre o Quad em Tóquio a 6/10/2020. REUTERS - POOL
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O mecanismo Quad foi criado em 2007 por iniciativa do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e à margem das reuniões dos dez países países do grupo Asean - Associação das Nações do Sudeste Asiático -  e dos seus fóruns anuais, para facilitar o diálogo e a cooperação entre as democracias da região Indo-Pacífico.

Tal como a Índia e a Austrália, o Japão não pretende que no seio do Quad se crie uma frente anti-chinesa, mas aprecia que o Presidente Joe Biden tenha escolhido este grupo para realizar uma das suas primeiras virtuais, e que tente demonstrar - contrariamente ao seu antecessor Donald Trump - que o Quad não é uma aliança contra um país em particular, neste caso a China.

Mas na agenda desta cimeira virtual além da pandemia da Covid-19 e das alterações climáticas, estão sobretudo a protecção da liberdade de navegação, o respeito do direito do mar e de uma ordem mundial fundada neste mesmo direito.

O Japão está preocupado com as reivindicações territoriais da China sobre grande parte do mar da China Oriental, um local de passagem importante ligando a China aos outros países da Ásia do Leste e o país está em conflito territorial com a China, a propósito das Ilhas Senkaku, a sul de Okinawa, onde se situam mais de metade das bases militares norte-americanas no Japão.

O mar da China Meridional que banha as costas de 10 paises também é fonte de conflitos, desginadamente com o Vietnam e as Filipinas.

Num guia estratégico publicado no início deste mês, a Casa Branca classificou a China como o principal adversário e disse que os Estados Unidos podem ajudar a conter a "agressão" de Pequim, "fortalecendo e defendendo a nossa rede incomparável de aliados e parceiros".

O jornal estatal chinês Global Times criticou a cimeira do Quad como uma conspiração dos Estados Unidos contra Pequim e num artigo de opinião, disse que a Índia, cujas relações com Washington estão melhorando, deveria recuar.

"O Quad não é uma aliança de países com ideias afins como os Estados Unidos afirmam", pode ler-se neste jornal, acrescentando que os outros três países enfrentam "a vergonha de estarem entre a pressão dos Estados Unidos e seus próprios interesses com a China".

O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga viajará aos Estados Unidos em abril e será o primeiro líder estrangeiro a avistar-se pessoalmente com Joe Biden, um sinal da importância que o Presidente norte-americano atribui a seu aliado.

O secretário de Estado, Antony Blinken, e o secretário da Defesa, Lloyd Austin, também farão uma visita conjunta na próxima semana ao Japão e à Coreia do Sul, no que será a primeira viagem de ambos como membros do novo governo. Austin deslocar-se-à também à Índia.

Antony Blinken e o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, vão-se reunir na próxima semana com altos funcionários chineses no Alasca e o Presidente Joe Biden disse que, neste encontro, expressará suas preocupações.

NATO Asiática ? 

O Japão é parte integrante da estratégia militar norte-americana na Ásia e coopera com as marinhas da Índia e da Austrália, pois vê as reivindicações territoriais chinesas como uma ameaça à sua liberdade de navegação.

Tal como o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, para enviar um sinal de boa vontade à China e dar mais legitimidade e abertura ao Quad, Tóquio também defende uma resposta colectiva às preocupações suscitadas pelo aumento da presença da China e a um alargamento do Quad aos dez países do Asean - Associação das nações do Sudeste Asiático, mas também à Europa.

O Quad tornar-se-ia assim um fórum mais alargado, no qual seriam abordadas questões económicas, comerciais ou ambientais, e não apenas as questões de segurança que coloca a escalada da China na região, a nível militar, marítimo e económico, através do projecto "Belt and Road", a nova rota marítima da seda, sinal claro da expnsão na China na região. 

Mas o Japão não pretende um confronto geopolítico com a China, que é actualmente um parceiro comercial tão importante para as suas empresas quanto os Estados Unidos, tal como a Austrália e a Índia dois grandes parceiros económicos da China.

Tóquio não ignora que o seu aliado norte-americano procura fazer do Quad uma aliança de democracias e países parceiros na região, que poderia transformar-se numa aliança militar, uma espécie de NATO asiática, se a China se mostrar ainda mais agressiva.

O Quad é um mecanismo de cooperação informal entre quatro países - Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia - que visa coordenar as relações diplomáticas, ou exercícios militares na região Indo-Pacífico.

Os quatro países trocam intensamente informações entre si, designadamente sobre segurança na região, uma cooperação que é vista como um contra-peso à presença crescente da China, mas as declarações publicadas antes desta cimeira, não mencionam Pequim, que por sua vez não vê com bons olhos este encontro, de países considerados muito próximos dos Estados Unidos..

Após a saída da Austrália em 2008, o Quad "ressuscitou" em 2017, sentido-se ameaçado pela escalada da China, designadamente no domínio marítimo e o crescendo das tensões no mar da China do Sul. 

Desde 2017, inúmeras reuniões informais decorreram entre ministros dos negócios estrangeiros dos quatro países, mas esta é a primeira vez que os quatro chefes de governo se encontram - ainda que virtualmente - desde a formação do grupo em 2007.

 

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