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#Myanmar/Repressão

Myanmar continua a ferro e fogo

Em Myanmar, pelo menos 18 manifestantes morreram e vários ficaram feridos em diferentes cidades durante os protestos em que que as forças de segurança dispararam balas reais. A comunidade internacional continua sem conseguir travar a espiral de violência.

Rangum, 3 de Março de 2021.
Rangum, 3 de Março de 2021. AFP - STR
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A junta militar não dá tréguas à repressão dos protestos que agitam Myanmar, desde o golpe que destituiu o governo civil de Aung San Suu Kyi a 1 de Fevereiro. Recurso a balas reais, detenção de manifestantes e jornalistas, reforço do arsenal legislativo e cortes na internet têm sido uma constante.

Esta quarta-feira, pelo menos 18 manifestantes morreram quando as forças de segurança abriram fogo durante os protestos, em várias cidades. A declaração foi feita pela Associação de Ajuda aos Presos Políticos, depois de a agência France Presse ter avançado com o número de dez vítimas mortais.

Em Mandalay, a segunda cidade do país, dois manifestantes foram mortos a tiro, de acordo com um médico que falou à agência France Presse sob anonimato com medo de represálias.

A uma centena de quilómetros, em Monywa, morreram pelo menos sete pessoas e um jovem de 20 anos morreu também noutra cidade da região, ainda de acordo com fontes médicas.

A repressão não impede os protestos e os manifestantes continuam a exigir a saída dos generais golpistas e a libertação de centenas de pessoas presas desde 1 de Fevereiro.

No domingo, pelo menos 18 pessoas foram mortas nos protestos, segundo a ONU. Uma das vítimas foi hoje enterrada e centenas de pessoas entoaram na despedida: “A democracia é a nossa causa”. Nesse dia, 1300 pessoas foram detidas.

 

Repressão também no campo judicial

O ex-Presidente da República, Win Myint, que já tinha sido indiciado por alegadamente não ter respeitado as restrições ligadas à Covid-19, é agora acusado de ter violado a Constituição. 

A ex-dirigente Aung San Suu Kyi, de 75 anos e que continua detida num local secreto, é alvo de quatro acusações, nomeadamente incitação à desordem pública, importação ilegal de aparelhos de comunicações, desrespeito pelas restrições sanitárias e violação de uma lei sobre as telecomunicações.

Seis jornalistas birmaneses - incluindo Thein Zaw, um fotógrafo da agência americana Associated Press  detido no sábado em Rangun quando cobria um protesto pró-democracia - são acusados de violar uma lei emendada pela junta militar alguns dias depois do golpe de Estado e na tentativa de acabar com os protestos contra os golpistas.

Este artigo do codigo penal prevê penas de três anos de prisão contra quem tenha “provocado o medo na população, espalhado notícias falsas (...) e incitado funcionários do governo à desobediência civil”.

Desde o golpe militar, foram detidos 34 jornalistas e 19 continuam atrás das grades, de acordo com uma ONG de assistência aos presos políticos. Já a ONG Repórteres Sem Fronteiras, conta 26 detenções de jornalistas desde 1 de Fevereiro, 10 ainda presos.

A nível internacional, o Reino Unido pediu uma nova reunião do Conselho de Segurança para sexta-feira. No início de Fevereiro, os seus 15 membros tinham publicado uma declaração em que mostravam a sua preocupação sobre Myanmar, mas sem condenarem o golpe de Estado porque a China e a Rússia, aliados tradicionais do exército, se opuseram e consideram esta crise como um “assunto interno” a Myanmar.

 

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