Morre Jean-Claude Carrière lendário argumentista, cineasta e escritor
O lendário argumentista francês, Jean-Claude Carrière, que escreveu alguns dos filmes mais memoráveis dos últimos 50 anos , incluindo "O Tambor" de Volker Schlöndorff e "Cyrno de Bergerac” faleceu na segunda-feira com 89 anos de idade. Carrière tornou-se conhecido pelo seu trabalho com cineastas como Luis Buñuel e Milos Forman.
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Escritor prolífico, cuja carreira abrangeu seis décadas, Jean-Claude Carrière, que faleceu a 8 de Fevereiro de 2021 com 89 anos de idade, foi o autor de algumas das cenas mais memoráveis e provocantes do cinema europeu, como por exemplo a de amarrar, a então jovem Catherine Deneuve nua, a uma árvovre.
O filme "Belle de Jour" , no qual Deneuve efectua a referida cena, foi um dos frutos da colaboração de Carrière com o subersivo realizador espanhol, Luis Buñuel.
Carrière e Buñuel foram premiados em 1972 com um Oscar pelo filme " O Charme discreto da Burguesia". Em 1972 seria o segundo prémio obtido por Jean-Claude Carrière, uma vez que em 1963, ele tinha recebido um Oscar pela melhor curta metragem.
Iluminista e curioso, Carrière deixou uma vasta obra caracterizada pela descoberta de várias culturas, religiões e período históricos. Ele escreveu nomeadamente os guiões de "Cyrano de Bergerac "( 1990) no qual se ilustrou o actor Gérard Depardieu, de "O Tambor" de Volker Schlöndorff, que obteve em 1979 o Oscar do melhor filme estrangeiro e a Palma de Ouro no festival de Cannes, e do "Insustentável Leveza do Ser" (em 1988), baseado no romance de Milan Kundera, assim como escreveu um livro com o Dalaï Lama.
Embora se autodenominasse "ateísta radical", Jean-Claude Carrière era fascinado pela filosofia e a religião. Carrière escreveu sobre o islão,o budismo, o hinduísmo e o cristianismo.
Jean-Claude Carrière, que se considerava um simples contador de histórias, apareceu nalguns filmes em frente das câmeras, contracenando nomeadamente com Juliette Greco, Brigitte Bardot e Jeanne Moreau, para quem também escreveu letras de canções.
Aos 80 anos de idade em 2014, ele foi recompensado com um Oscar honorário, pelo conjunto da sua obra, que inclui guiões, ensaios, ficção e entrevistas.
“No Portal da Eternidade”, sobre os meses finais da vida do pintor holandês Vincent Van Gogh, foi um dos útimos filmes escritos por Carrière, nomeado para os Oscares, no qual o argumentista revelou a sua determinação em provar que Van Gogh não tinha cometido suicídio.
Nascido em 17 de Setembro de 1931 em Colombières -sur Orb(distrito de Héarult, no sul da França), numa família de viticultores, Jean- Claude Carrière veio residir em 1945 para Paris,onde os seus pais abriram um bar-café.
Tido como um dos estudantes mais brilhante da sua geração, na Escola Normal Superior de Paris, Carrière escreveu o seu primeiro romance aos 26 anos de idade.
Durante dez anos ele foi director da FEMIS ( Fundação Europeia para os Ofícios da Imagem e do Som), criada em 1986, e anteriormente denominada Instituto de Altos Estudos Cinematográficos (IDHEC) .
O actual presidente do Festival de Cinema de Cannes,Pierre Lescure, afirmou que Carrière era uma pessoa fascinante e de uma inteligência rara.
Gilles Jacob, antecessor de Lescure prestou igualmente homenagem à Jean-Claude Carrière, elogiando a sua “fenomenal humanidade e erudição”. Segundo Jacob, Jean-Claude Carrière foi o melhor argumentista do cinema francês de todos os tempos.
Morte de Jean-Claude Carrière
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