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Myanmar

Myanmar: Aung San Suu Kyi acusada de violar a lei de importação

Dois dias depois do golpe militar no Myanmar, Aung San Suu Kyi, chefe efectiva do executivo até à passada Segunda-feira que se encontra actualmente em prisão domiciliária, foi formalmente acusada de violação da lei de importação. Paralelamente, um movimento de incitação à desobediência civil lançado por profissionais de saúde está a ganhar um número crescente de adeptos.

A antiga dirigente birmana, Aung San Suu Kyi, encontra-se em prisão domiciliária pelo menos até ao dia 15 de Fevereiro.
A antiga dirigente birmana, Aung San Suu Kyi, encontra-se em prisão domiciliária pelo menos até ao dia 15 de Fevereiro. AFP - STR
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Em prisão domiciliária pelo menos até ao dia 15 de Fevereiro, Aung San Suu Kyi foi hoje formalmente acusada de ter importado ilegalmente pelo menos dez walkie-talkies, um acto passível de três anos de prisão. De acordo com a justiça birmanesa, aquando da detenção da titular do Prémio Nobel da Paz de 1991, os militares encontraram na sua residência vários "equipamentos de comunicação importados sem os documentos e autorizações necessários".

Igualmente detido em regime de prisão domiciliária por pelo menos duas semanas, o Presidente U Win Myint foi, por sua vez, acusado de violar uma lei sobre a gestão das catástrofes naturais. Segundo a justiça, ele teria hospedado um autocarro inteiro de apoiantes seus durante a campanha eleitoral do ano passado, violando as regras em vigor no âmbito da luta contra a pandemia. Também neste caso pode ser aplicada uma pena de três anos de prisão com a agravante de ele eventualmente não ter mais a possibilidade de regressar ao poder, por passar a ter cadastro.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira, o partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND), disse que as instalações do partido em várias regiões tinham sido alvo de buscas por parte das forças da ordem, esta formação tendo apelado as autoridades a acabar com o que qualificou de “actos ilegais”.

No seio da sociedade birmanesa, a resistência ao golpe vai crescendo. Lançado ontem por médicos e enfermeiras do sector público que recusam trabalhar sob as ordens dos militares e que, neste sentido, decidiram entrar em greve para protestar contra o golpe de Estado, este movimento de desobediência civil já abrange funcionários de 40 hospitais nas principais cidades do país.

Esta manhã, o movimento amplamente veiculado nas redes sociais, já contava com 150 mil assinantes, sendo que na rua, este movimento pacifico já se fez ouvir, a população tendo sido incitada a bater em panelas ou frigideiras à varanda ou à porta de casa, todas as noites pelas 20 horas. Um ritual habitualmente destinado a afastar os demónios, mas que nesse caso visa protestar contra o golpe militar.

A nível externo, apesar da sua indignação, a comunidade internacional não conseguiu falar de uma só voz. Reunido ontem de urgência, o Conselho de Segurança da ONU não chegou a adoptar uma resolução condenando inequivocamente o golpe, devido ao bloqueio da China e da Rússia, aliados do Myanmar. Isto apesar do texto em análise nem sequer mencionar sanções, uma eventualidade que tinha sido posta em cima da mesa pelos Estados Unidos.

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