Protestos continuam na Tailândia
Na Tailândia, a contestação da juventude continua. Os manifestantes pró-democracia, maioritariamente estudantes, têm multiplicado os protestos desde o verão para exigir reformas constitucionais.
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Desde o mês de Julho, Banguecoque transformou-se na capital de um reino sob alta tensão política. Os manifestantes, na sua maioria estudantes, são cada vez mais numerosos a desafiar o poder e a reclamar mais democracia, à medida que as detenções também aumentam.
Os manifestantes exigem a demissão do primeiro-ministro, Prayut Chan-o-cha, um general reconduzido no cargo em 2019 numas eleições pouco transparentes. Os manifestantes também pedem a modificação da Constituição, considerada muito favorável ao exército.
Mas, pela primeira vez na história da Tailândia , os manifestantes reclamam uma reforma da monarquia, num país onde a realeza sempre foi um tema tabu. Criticar ou insultar o rei, nomeadamente nas redes sociais, pode levar a uma pena de prisão de 15 anos e os crimes de lesa majestade são dos mais punidos no mundo.
Ainda que a Tailândia esteja habituada às manifestações violentas, ja que desde o fim da monarquia absoluta, em 1932, o país teve 12 golpes militares, colocar em causa o rei é algo inédito. Esta quarta-feira, os manifestantes tentaram até impedir o cortejo do rei e da rainha, quando habitualmente todos devem parar à sua passagem e ajoelharem-se.
Esta quinta-feira, em resposta, o poder publicou um decreto que proíbe ajuntamentos políticos de mais de 4 pessoas, as manifestações passam a ser consideradas “contrárias à Constituição” e as “mensagens online consideradas contra a segurança nacional” também são proibidas.
O exército mobilizou-se em torno de alguns edifícios governamentais e os principais lideres do movimento pró-democracia foram detidos.
A luta contra a covid-19 também serviu de pretexto a medidas excepcionais destinadas a calar as vozes dissidentes. O governo pode, por exemplo, “censurar ou fechar” medias acusados de difundir informações falsas sobre a epidemia.
O rei Maha Vajiralongkorn, conhecido como Rama X, ainda não reagiu e continua a mostrar-se ausente e pouco interessado pelos assuntos públicos. Ele é antes conhecido pelos seus casamentos, pelas suas iras e pelo seu estilo de vida luxuoso, passando a maior parte do seu tempo num hotel de luxo na Baviera alemã, mesmo durante a pandemia. Berlim até avisou, oficialmente, a Tailândia que o rei deve “parar de gerir assuntos de Estado a partir de território alemão”.
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