Turquia multiplica acções diplomáticas para evitar sanções da União Europeia
Depois de ter apelidado o Presidente Emmanuel Macron de "neo-colonialista" e "aprendiz de Napoleão", o seu homólogo turco Recep Tayyp Erdogan tenta agora apaziguar os ânimos, para evitar sanções da União Europeia e está mesmo disposto a dialogar com a Grécia.
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Perante o espectro de sanções contra a Turquia no próximo Conselho Europeu, originalmente programado para esta semana, mas, entretanto, adiado para a próxima, devido à quarentena do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Ancara multiplicou-se em diversas iniciativas diplomáticas para evitar o pior.
Primeiro no seio da NATO, onde militares da Turquia e da Grécia estão em contacto há diversos dias, depois através de uma reunião trilateral, entre o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, a chanceler alemã Angela Merkel e Charles Michel, e esta terça-feira, 22 de Setembro, numa longa - mais de uma hora, conversa telefónica entre Erdogan e o presidente Francês Emmanuel Macron.
O tom é de apaziguamento por parte de Ancara, que também mandou regressar ao porto o navio de prospeção sísmica, que estava a operar em águas reivindicadas pela Grécia, acalmando assim a situação no volátil mediterrâneo oriental.
“A Turquia defende a via do diálogo e da cooperação para resolver problemas”, disse Erdogan, avisando que “a tensão surgiu porque se ignoraram os direitos legítimos dos turcos e dos cipriotas turcos...queremos resolver todos os problemas à mesa de negociações”, disse Erdogan, que antes assumiu posições bem mais beligerantes.
O presidente turco confirmou que negociações bilaterais com a Grécia iriam recomeçar, para tentar resolver a questão da jurisdição marítima, na base da tensão.
Nas últimas semanas verdadeiros jogos de guerra levaram o Leste do mediterrâneo ao rubro, com aviões, helicópteros e navios gregos e turcos face a face.
Ancara espera agora uma atitude construtiva por parte da União Europeia
Grécia, Chipre e França defenderam até agora a imposição de pesadas sanções contra a Turquia, que poderiam agravar a profunda crise económica que o país atravessa.
Estes países da UE acusam a Turquia de desrespeitar a soberania dos estados membros e de provocações militaristas e a França enviou mesmo navios e aviões militares para a região.
Após a conversa telefónica de ontem, um comunicado do Palácio do Eliseu - a presidência francesa - confirmou que a “França estava sempre pronta a dialogar”, e reiterou “a importância da relação entre a Turquia e a UE”.
Antes deste apaziguamento, Ancara tinha criticado a atitude “neo-colonialista”, e chamou a Macron um “aprendiz de Napoleão”.
José Pedro Tavares, correspondente em Ancara
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