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Portugal/Luanda Leaks

Rui Pinto começou a ser julgado em Lisboa

Começou esta sexta-feira o julgamento de Rui Pinto, o "whistleblower" português que divulgou documentos confidenciais e esquemas de evasão fiscal ligados ao futebol e a Isabel dos Santos.

O "hacker" português Rui Pinto, responsável pela revelação de vários escândalos, é acusado de noventa crimes incluindo violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão.
O "hacker" português Rui Pinto, responsável pela revelação de vários escândalos, é acusado de noventa crimes incluindo violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão. AFP
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O julgamento começou com uma curta declaração de Rui Pinto – que escreveu já na sala – e onde o fundador da plataforma Football Leaks explicou a sua posição.

Diz que está no tribunal como "arguido e testemunha protegida". O "hacker" português alega que nada do que fez "foi por dinheiro, e que o seu trabalho como denunciante está terminado".

Rui Pinto considera que foi vítima de uma campanha de difamação e de calúnia até porque – segundo explicou - se limitou a tornar pública informação, de forma inocente, em nome do interesse público, mas sublinha que o fez com "orgulho".

Depois desta curta declaração, o alegado pirata informático manteve o silêncio e o mesmo fez o seu advogado que – no final da 1ª sessão do julgamento – nem sequer quis comentar as palavras do seu cliente. Teixeira da Mota limitou-se a dizer que em Portugal ainda existem muitas pessoas que se opõem a um verdadeiro combate à corrupção.

À saída da sessão da manhã, um dos advogados de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, disse que ainda há muitos interesses em Portugal que se opõem a um verdadeiro combate à corrupção.

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Francisco Teixeira da Mota, Advogado de defesa de Rui Pinto

Rui Pinto esteve 13 meses em prisão preventiva e foi libertado a 7 de Agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária, beneficiando do programa de protecção de testemunhas e de protecção policial. Tiago Rodrigues Bastos, advogado da PLMJ, uma das sociedades cujos emails foram exfiltrados por Rui Pinto, defende que o que está em causa é o próprio funcionamento da democracia.

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Tiago Rodrigues Bastos, advogado da PLMJ

Este é um julgamento que decorre por entre apertadas medidas de segurança: os jornalistas que assistem não podem entrar com telemóveis ou computadores e há um forte dispositivo policial no exterior do edifício, com policias fardados e à paisana, bem como atiradores especiais, conhecidos por snipers.

A sala onde decorre o julgamento até foi mudada do piso zero para o 6º andar por ser mais inacessível.

Rui Pinto – que responde por 90 crimes – fez denúncias de grande repercussão a nível interno e internacional, divulgou documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal. Foi ainda responsável pela divulgação de milhares de documentos que expuseram os negócios de Isabel dos Santos, filha do antigo presidente de Angola, o Luanda Leaks.

Aos 31 anos, o “hacker” português está em liberdade há cerca de um mês "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária e ninguém sabe onde se encontra.

O que se sabe é que este vai ser um longo julgamento. Há 34 sessões marcadas até Dezembro e a próxima decorre no dia 15 de Setembro.

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