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Singapura/Eleições

Singapura: eleições legislativas pela primeira vez sem candidato da família Lee

Em Singapura esta sexta-feira 2,6 milhões de eleitores foram chamados a votar em eleições legislativas antecipadas, realizadas sob estrictas medidas de controlo sanitário e pela primeira vez desde a independência sem um candidato da famílie Lee, mas o Partido Acção Popular que governa o país desde 1965 é ultra favorito e deveria consrvar a maioria absoluta no parlamento que elege o primeiro-ministro.

Lee Hsien Loong, secretário-geral do Partido Acção Popular e primeiro-ministro cessante de Singapura, usando máscara com o logótipo do seu partido.
Lee Hsien Loong, secretário-geral do Partido Acção Popular e primeiro-ministro cessante de Singapura, usando máscara com o logótipo do seu partido. AP Photo/Yong Teck Lim
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Singapura tornou-se independente do império britânico em 1958, em 1963 foi anexada à Malásia e desde 1965 é uma República independente.

Lee Kuan Yew, o fundador da República de Singapura, foi primeiro ministro entre 1959 e 1990 e deixou o lugar em 2004 para o seu filho Lee Hsien Loong, pelo que desde a independência a família Lee tem sido o garante da estabilidade e segurança neste pequeno Estado no sudeste asiático sem recursos naturais, que em poucas décadas passou do Terceiro ao Primeiro Mundo, tornado-se numa das economias mais florescentes do planeta.

Os 93 deputados eleitos para o parlamento elegem o primeiro-ministro - que é quem realmente administra o país, onde a função de Presidente é simbólica - e o actual chefe do executivo Lee Hsien Loong, líder do Partido Acção Popular, não se recandidata, enquanto o seu irmão mais novo apoia a oposição.

Lee antecipou as eleições, inicialmente previstas para até abril de 2021, alegando precisar de um governo forte, para lidar com a pandemia de Covid-19, que causou mais de 45.000 casos e 26 mortes nesta cidade-estado, onde 25% dos 5,6 milhões de habitantes são trabalhadores estrangeiros, que vivem em precárias condições sanitárias.

Centro financeiro e comercial internacional, Singapura, que importa 95% dos bens alimentares de que necessita, é fortemente afectada pela perturbação nas transações e trocas comerciais com o exterior devido à pandemia de Covid-19 e sofreu de forma colateral com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China,

Outro argumento evocado para a antecipação da eleição é a crise que se aproxima, quando se espera uma queda no Produto Interno Bruto de entre 4% a 7% este ano, devido à paralisia da economia durante a pandemia, mesmo se o governo injectou cerca de 72 mil milhões de dólares.

Singapura, com uma população de 5,6 milhões de habitantes, já retomou grande parte da actividade económica, mas os voos e o turismo continuam praticamente paralisados.

Oposição dividida

Os comícios foram proíbidos durante os nove dias de campanha eleitoral, para evitar novas contaminações e os doentes com Covid-19 ou em quarentena não puderam votar, excepto cerca de 350 eleitores, de acordo com os meios de comunicação locais.

O voto é obrigatório para os 2,67 milhões de eleitores, embora quem tenha febre de 37,5 graus ou mais, só possa votar na última hora, com medidas especiais, todos os eleitores são obrigados a usar máscaras e luvas e as mesas de voto são regularmente desinfectadas. 

A oposição está muito dividida, com dez partidos a concorrerem a estas eleições, quando no parlamento eleito em 2015, só o Partido dos Trabalhadores marca presença com 9 deputados, contra 83 do Partido Acção Popular, a única força política que concorre em todos os círculos eleitorais.

O Partido Progressista de Singapura, fundado em 2019 e apoiado por Lee Hsien Yang, irmão do presidente, pode revelar-se uma surpresa, apontam analistas.

Entre as exigências da oposição estão o aumento da transparência do Governo, a expansão dos serviços sociais e de saúde, a redução dos impostos indirectos e a redução da idade mínima para votar, de 21 para 18 anos.

Além disso, alguns partidos defendem a redução do número de trabalhadores estrangeiros, que representam 25% da população e da desigualdade, num país onde o primeiro-ministro ganha anualmente 2,2 milhões de dólares de Singapura, o equivalente a 1,47 milhões de dólares.

As sondagens são proibídas durante a campanha eleitoral e os primeiros resultados deverão ser conhecidos sábado, 11 de julho, neste país que figura em 158 posição em 180 em termos de liberdade de imprensa..

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