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Moçambique

Cooperação hospitalar entre Uruguai, Moçambique e Portugal

Associado a Portugal, o Uruguai vai inaugurar nesta quarta-feira a sua primeira cooperação com um país da África lusófona, levando o seu conhecimento no diagnóstico do cancro ao Hospital Central de Maputo, em Moçambique. Até ao fim da cooperação uruguaia, os pacientes de cancro em Moçambique terão um diagnóstico mais eficaz. 

Cooperação hospitalar entre Moçambique, Uruguai e Portugal
Cooperação hospitalar entre Moçambique, Uruguai e Portugal HospitalCentralMaputo
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A partir desta quarta-feira começa a ser implementada no hospital Central de Maputo uma técnica que permitirá um diagnóstico mais eficaz no cancro para os pacientes moçambicanos.

Esta maior eficácia no diagnóstico, por consequência, permitirá um tratamento com mais antecedência.

A tecnologia de diagnóstico do cancro conhecida como "citometria de fluxo" será implementada no departamento de hematologia do Hospital Central de Maputo num projeto que começa agora e que deve durar três anos.

A implementação será uma transferência de conhecimento do Uruguai, país que se associou a Portugal para uma cooperação triangular em Moçambique.

A cooperação luso-uruguaia insere-se no projecto de "Melhoria do diagnóstico e do tratamento das doenças oncológicas em Moçambique" da Fundação portuguesa Gulbenkian.

Projecto do Uruguai em Maputo e depois outras regiões no país

O vice-presidente do português Instituto Camões para a Cooperação, Gonçalo Teles Gomes, explica à RFI que o projecto que agora envolve o Uruguai também chegará, no futuro, a outras regiões de Moçambique.

"Nós convidámos o Uruguai. Nós temos um projecto há muitos anos em Moçambique, no Hospital Central de Maputo que é o apoio integrado ao doente oncológico.

E agora vamos entrar numa segunda fase desse projecto que é alargar o projecto a outras províncias de Moçambique e, nesse âmbito, nós convidamos o Uruguai que sabemos que tem uma boa capacidade nessa área para participar no projecto. O Uruguai vai a Moçambique para ver no terreno o que existe, o que nós fizemos para poder perceber o que pode aportar e o que contribuir com mais valia”.

Esta parceria entre Portugal e Uruguai envolve a transferência de conhecimentos do Centro Hospitalar de São João no Porto, em Portugal, e do Hospital Maciel de Montevidéu, no Uruguai, ao Hospital Central de Maputo.

Nesta primeira fase, as autoridades uruguaias estarão em Maputo por três dias para definirem as necessidades do hospital, o alcance da qualificação e a transferência do conhecimento uruguaio aos profissionais moçambicanos num cronograma de formação para usarem o equipamento e lerem o diagnóstico.

A directora da Agência Uruguaia de Cooperação Internacional, Andrea Vignolo, conta que a realidade do Hospital Maciel em Montevidéu é bem mais próxima do dia-a-dia do Hospital Central de Maputo e que isso facilita o processo.

A realidade do Maciel, um hospital público no Uruguai, era muito semelhante à do de Maputo. Então, o diálogo, as necessidades, as vicissitudes, as estratégias que a equipa médica do hospital Maciel teve de fazer são muito mais próximas das da vida diária no hospital de Maputo. O Uruguai tem gerado capacidades que convêm a Maputo.”

Esta primeira fase da cooperação em Moçambique estava prevista para abril passado, quando foi adiada, por pedido das autoridades do Hospital Central de Maputo, saturado com as consequências do devastador ciclone Idai.

Hospital inaugura aproximação do Uruguai ao continente africano

Agora, a cooperação do Uruguai em Moçambique inaugura uma fase de aproximação do país sul-americano no continente africano, especialmente na África Lusófona, como nos conta Andrea Vignolo.

Vimos como esse conhecimento que o Uruguai tinha adquirido podia ser transferido a outros países de igual ou de menor desenvolvimento. O Uruguai não tem muitas possibilidades de ser conhecido num continente como a África. O Uruguai tem somente quatro embaixadas na África, mas isso não quer dizer que não tenhamos interesse em contribuir com o desenvolvimento de África”.

E nessa interação entre o Uruguai e Moçambique, o Uruguai também espera aprender; não apenas ensinar.

Como diz a directora da agência uruguaia de cooperação, Andrea Vignolo, “todos os países têm alguma coisa a ensinar e alguma coisa a aprender”.

Quando se tem de transferir uma política, isso obriga-te a avaliar essa tua política. Tens de sistematizar, tens de a explicar. Quais foram aquelas áreas em que não me correu tão bem ou as linhas que eu explorei e que não deram certo.
E quando começamos a dialogar, quando você conhece a realidade administrativa, jurídica e social de outro país, aprendes
.”

O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, é um médico oncologista no seu segundo mandato. Durante o primeiro mandato, o presidente Vázquez enfatizou o combate às doenças cardiovasculares, às neurodegenerativas e ao cancro, três das doenças que mais afetam o Uruguai, um país de população envelhecida.

Ironia do destino, em agosto passado, o presidente oncologista anunciou que padece de um cancro no pulmão.

Esta temática é desenvolvida no nosso magazine Ciência em colaboração com Márcio Resende, em Montevidéu. 

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