Líbano: Primeiro-ministro demite-se, mas protestos continuam
A vaga de protestos no Líbano levou à demissão do primeiro-ministro, Saad Hairiri, mas o alvo dos protestos não é apenas o Governo como também todo o sistema político do país acusado de corrupção.
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Depois de vários dias de protestos de norte a sul do país e em que participaram vários grupos religiosos, o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, apresentou a demissão esta terça-feira.
Os protestos, que começaram a 17 de outubro, com o anúncio de um imposto sobre as chamadas de WhatsApp, rápido evoluíram para manifestações contra todos os líderes políticos, a corrupção no país e a má admnistração governamental.
No entanto, é importante relembrar que o Líbano é um país dividido em termos sectários que, no final da guerra civil de 1975-1990, levou a que fossem criadas estruturas de poder fixadas por grupos confessionais: o presidente é sempre um cristão maronita, o primeiro-ministro um sunita e o líder do parlamento um xiita, como explica, em entrevista à RFI, António Dias Farinha, especialista em países árabes.
António Dias Farinha, especialista em países árabes
É, por isso, relevante a participação nas manifestações de islâmicos sunitas e xiitas, sendo que, pela primeira vez, os protestos se estenderam ao sul do país, reduto do grupo islamista radical xiita Hezbollah, considerado a principal força política no país, e que se mostra fortemente contra a demissão do chefe de Governo.
A decisão de aceitar o pedido de demissão e começar a consulta para um novo Governo ou decidir pedir a Hairiri que reconsidere está agora nas mãos do chefe de Estado, Michel Aoun.
No entanto, e face ao alerta do Governador do Banco Central libanês que dá conta de que o país está por dias de entrar em colapso financeiro, há um dado importante que o chefe de Estado certamente terá em conta: Hariri é também a ligação aos dadores árabes sunitas.
O actual governo é o terceiro liderado pelo primeiro-ministro Saad Hariri desde que assumiu o cargo em 2009. Apoiado há muito tempo pela Arábia Saudita, ele é filho do bilionário e ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, assassinado em 2005.
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