Nobel da Economia distingue luta contra a pobreza
O Prémio Nobel da Economia atribuido esta segunda-feira à franco-americana Esther Duflo de 46 anos, ao seu esposo americano de origem indiana Abhijit Vinaayak Banerjee de 58 anos e ao americano Michael Kremer de 55 anos, pela sua abordagem experimental para reduzir a pobreza global.
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Nos anos 90, Michael Kremer e mais tarde Abhijit Banerjee e sua esposa Esther Duflo (da qual ele foi director de tese), adoptaram métodos experimentais, para obterem respostas fiáveis a uma questão crucial: qual a melhor forma de reduzir drasticamente a pobreza extrema, testando o impacto real de micro-políticas, na melhoria dos resultados escolares no oeste do Quénia.
Desde então mais de 5 milhões de crianças em comunidades pobres na Índia já beneficiaram de programas eficazes de aulas de reforço nas escolas e vários países desbloquearam importantes subvenções para medicina preventiva.
Em apenas duas décadas, este novo método transformou a economia do desenvolvimento, que é actualmente um campo de investigação florescente, ressalvaram os responsáveis da Academia.
Prémio Nobel da Economia 2019
Para a Real Academia Sueca de Ciências os estudos destes três economistas do Instituto Tecnológico de Massachusetts, melhoraram a nossa capacidade de combater a pobreza e as desigualdades no mundo, pela sua contribuição no desenvolvimento de políticas e incentivos em benefício dos mais pobres, um dos maiores e mais urgentes desafios da humanidade.
Segundo o Banco Mundial 700 milhões de pessoas vivem em condições de extrema pobreza e em vez de tentarem uma única solução os académicos analisaram vários pequenos problemas, realizando experiências económicas no terreno, das quais resultaram respostas sobre o melhor tipo de políticas a adoptar, que hoje dominam a economia do desenvolvimento.
O Presidente Emmanuel Macron manifestou desde logo o seu orgulho pela atribuição do prémio a Esther Duflo que é a segunda mulher (depois da norte-americana Elinor Ostrom em 2009) e a mais jovem a receber o Prémio Nobel da Economia.
Esther Duflo manifestou-se surpreendida pela atribuição tão cedo do Nobel e destacou que o trabalho conjunto é uma tentativa de compreender "as raízes profundas e interligadas da pobreza, que são distintas e se tem tendência a generalisar sob forma de caricaturas ou "clichés" como "os pobres são preguiçosos e famintos...se queremos compreender os problemas ligados à pobreza, ultrapassar essas caricaturas e perceber porque o facto de se ser pobre muda alguma das coisas nos comportamentos e outros não".
Esther Duflo é diplomada pela Escola Normal Superior de Paris, Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e obteve um doutoramento no MIT - Massachutsetts Institue of Tchnology nos Estados Unidos, onde lecciona.
Em 2003 Esther Duflo co-fundou o laboratório de investigação Abdul Latf Jameelque dirige e trabalha na luta contra a pobreza, em 2010 ela recebeu nos Estados Unidos a prestigiosa medalha John Bates Clark pelos seus trabalhos empíricos de combate à pobreza e em 2013 foi escolhida pela Casa Branca para conselheira do Presidente Barack Obama sobre questões de desenvolvimento e integrou o Comité para o Desenvolvimento Mundial.
Esther Duflo foi ainda a primeira titular de uma cátedra na prestigiosa instituição de ensino superior Collège de France com o trabalho intitulado "Saberes contra a pobreza" e o seu livro "Repensar a pobreza" (em tradução livre) co-escrito com o seu marido Adhijit Banarjee obteve o prémio do livro económico 2011 atribuido pelo Financial Times/Goldman Sachs.
O trio vai dividir o prémio de 9 millões de coroas suecas, o equivalente a 830 mil euros.
Os Pémios Nobel 2019 serão formalmente atribuido dia 10 de Dezembro em Estocolmo e Oslo, data do aniversário da morte do seu criador, o industrial, inventor da dinamite e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896).
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