Hong Kong: greve geral e ameaças ao regime "1 país 2 sistemas"
Em Hong Kong hoje é o primeiro de dois dias de greve geral e o início de um boicote às aulas que deve durar duas semanas, desde Junho foram detidas mais de 1000 pessoas, 159 só este fim-de-semana durante violentos confrontos com a polícia.
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Em Hong Kong apesar da greve geral de dois dias com inicio esta segunda-feira (2/09) a cidade está calma, apesar da tentativa de bloqueio dos acessos ao metroplitano, o que foi impedido pela polícia anti-motim, milhares de estudantes vestidos de preto - a cor usada nos protestos - fizeram cadeias humanas frente aos liceus e universidades e decidiram boicotar o inicio do ano lectivo e as aulas durante duas semanas, enquanto os enfermeiros desfilaram nos corredores dos hospitais com dísticos exigindo democracia.
Hong Kong, primeiro de dois dias de greve geral
Isto depois de um fim de semana violento, com milhares de manifestantes nas ruas - apesar da proibição - alguns radicais incendiaram barricadas perto da principal esquadra de polícia e semearam o caos, lançando cocktails molotov tentando roubar armas à polícia, que e pela primeira vez disparou dois tiros de aviso, além de gases lacrimogéneos e canhões de água, foram detidas 159 pessoas e 30 outras feridas.
Os manifestantes pretendem pressionar o governo de Carrie Lam a ceder e retirar o projecto de lei que permite a extradição para a China continental de cidadõs suspeitos - apresentado em Abril mas que até agora foi apenas suspenso.
Mas as reivindicações incluem agora também a autonomia, a libertação de todos os manifestantes detidos desde o inicio da vaga de protestos em Junho, denunciam o recuo das liberdades e a ingerência crescente da China, que estacionou tropas na cidade vizinha continental de Shenzen, numa manobra intimidativa contra os manifestantes, que consideram que o regime especial de que gozam "um país dois sistemas" está a ser posto em causa.
A antiga colónia britânica vive desde há três meses a mais grave crise política desde a retrocessão à China em 1987 e a chefe do governo Carrie Lam admite outorgar-se poderes reforçados, para fazer face à situaçao de emergência que se vive no território semi-autónomo.
Desde Junho que o número de turistas baixou significativamente em Hong Kong, onde os hóteis e comércios registam quedas no seu volume de negócios e a bolsa de Hong Kong perdeu só este fim de semana 1,4%.
Um desafio sem precedentes para o Presidente Xi Jinping, no poder desde 2012 e que acusa algumas potências estrangeiras e sobretudo os Estados Unidos de instigarem o movimento de contestação e ameaçou intervir para pôr termo à crise em Hong Kong.
Por sua vez o Presidente Donald Trump afirma que o impasse comercial entre os Estados Unidos e a China vai forçar Pequim a adoptar uma atitude mais moderada em relaçao a Hong Kong.
Este domingo (1/09) os Estados Unidos impuseram taxas alfandegàrias de 15% a cerca de 125 mil milhões de dólares de importações chinesas até agora isentas e a China retaliou imediatamente com aumentos de 5 a 10% sobre 75 mil milhões de dólares de produtos importados dos Estados Unidos, incluiundo petróleo, mais um passo na escalada da guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais.
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