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França

Ministro francês do Ambiente na tormenta

François de Rugy, Ministro francês do Ambiente tem estado desde Quarta-feira em plena tormenta, com uma série de revelações na imprensa dando conta de um alegado gosto pelo luxo e pelo despesismo com o dinheiro público. Convocado ontem pelo Primeiro-ministro, não se demitiu apesar de apelos neste sentido e hoje diz-se indignado com o que qualifica de "mentiras".

O Ministro da Ambiente François de Rugy esta manhã
O Ministro da Ambiente François de Rugy esta manhã Captura de vídeo BFMTV
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Na Quarta-feira, o jornal on-line "Mediapart" revelou que o Ministro do Ambiente organizou, no período em que foi Presidente da Assembleia Nacional entre 2017 e 2018, uma dezena de jantares com 10 a 30 convidados do seu círculo na sua residência oficial, com lagosta, vinhos finos das caves do Parlamento e Champanhe, tudo pago com o dinheiro do contribuinte. "Jantares de representação" respondeu num primeiro tempo o interessado.

No dia seguinte, o mesmo Mediapart faz uma nova revelação, desta vez sobre obras no seu alojamento de funções por um valor de 63 mil Euros dos cofres do Estado que, por seu lado, ele justifica pela necessidade de renovar "regularmente" o edifício.

Também ontem, o jornal on-line evocou igualmente o aluguer de um alojamento social de 48 metros quadrados perto de Nantes no oeste de França, por uma renda preferencial de 622 Euros. "Um montante que corresponde aos preços do mercado", segundo o Ministro referindo não ter tido conhecimento de que se tratava de um alojamento social. Isto no mesmo dia em que demitiu a sua directora de gabinete face a revelações segundo as quais teria igualmente beneficiado de um alojamento social em Paris durante 12 anos sem lá residir. A interessada disse hoje que o Ministro "quis salvar a pele, oferecendo a dela".

Face aos apelos para a sua demissão, antes de ser recebido pelo Primeiro-ministro ontem, François de Rugy não excluiu "ter cometido alguns erros de avaliação". Quando foi oficializada no final da tarde a notícia de que se mantinha em posto mas que teria de prestar contas, com o Primeiro-ministro a mandar investigar as despesas relacionadas com as obras, o Ministro do ambiente declarou-se "disponível para submeter os seus gastos às entidades de controlo do Parlamento e reembolsar cada Euro contestado".

Hoje contudo, o tom já foi menos conciliante. Entrevistado esta manhã na televisão, ao declarar-se indignado, François de Rugy optou pelo contra-ataque. "Encaro a possibilidade de apresentar queixa por denúncia caluniosa contra doravante todos os artigos... e não são todos assim, não coloco todos os jornalistas no mesmo saco e sei muito bem que há alguns que fazem o seu trabalho de investigação... mas aí, passamos os limites!" lançou de Rugy.

Mais pormenores aqui.

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Ministro francês do Ambiente na tormenta

Ao referir-se aos luxuosos jantares como Presidente do Parlamento, François de Rugy argumentou não gostar de Champanhe porque "lhe dá dor de cabeça" e "não comer marisco por ter alergia". Segundo o Ministro, também é mentira a notícia publicada hoje pelo "Parisien", segundo a qual a esposa teria comprado por 499 Euros, com o dinheiro do parlamento, um secador com banho de ouro.

Hoje ainda, um jornal regional, "Ouest France", deu conta de um jantar "informal" organizado em Março pelo Ministro do Ambiente com lobistas do sector da energia que, em notas privadas, ele pediu expressamente para não ser apontado na "agenda pública".

O Ministro garantiu hoje ter o apoio do Presidente Macron , mas dentro do seu próprio campo, a defesa é tímida e alguns, como Benjamin Griveaux, antigo porta-voz do governo e actualmente em pré-campanha para as autárquicas em Paris, não hesitam em dizer que este caso dá "uma imagem terrível" dos políticos quando o governo pede "esforços" e sai de vários meses de manifestações dos "Coletes amarelos".

Refira-se que, para além deste caso, se soube ontem de fonte judiciária que 15 parlamentares, deputados e senadores, alguns deles ainda em exercício estão a ser investigados por alegados desvios de fundos. Os referidos parlamentares, entre os quais se destaca o ex-deputado socialista Jean-Christophe Cambadélis, são suspeitos de ter utilizado fundos públicos para financiar despesas sem nenhuma relação com os seus respectivos mandatos. Estima-se que o prejuízo oscile entre 20 mil e 80 mil Euros consoante os casos.

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