China: visita inédita do primeiro-ministro japonês
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe avistou-se em Pequim nesta quinta, 25 de Outubro, com o seu homólogo chinês Li Kequiang. Há sete anos que uma delegação nipónica deste nível não era recebida na China.
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Shinzo Abe é recebido nesta sexta pelo presidente chinês Xi Jinping.
Ambos os países assinalam neste ano o 40° aniversário do Tratado de paz e de amizade, num contexto de contenciosos territoriais na chamada zona do Mar da China meridional.
Disputas não só opondo Pequim a Tóquio, mas também opondo a China a uma série de países da região.
Há seis anos o Japão nacionalizava uma série de ilhas cobiçadas pela China, com registo então de manifestações por vezes violentas anti-japonesas.
As relações difíceis entre os dois colossos asiáticos remontam à Segunda Guerra Mundial.
No final de 2014 os dois dirigentes tinham-se cumprimentado, sem entusiasmo, à margem de um fórum internacional.
No contexto actual a China procura apoios para fazer face à avalanche de direitos alfandegários decretados pelos americanos.
Mesmo antes de deixar Tóquio rumo a Pequim Shinzo Abe admitira que "os dois países fazem esforços de forma contínua visando melhorar as respectivas relações".
A reconciliação sino-nipónica poderia passar também por acordos económicos, incluindo investimentos comuns em infra-estruturas em países como a Indonésia e as Filipinas.
O primeiro-ministro japonês, grande aliado do americano Donald Trump, também demonstrou interesse pela chamada "Rota da seda", gigantesco programa chinês de investimentos euro-asiáticos.
Para não melindrar os Estados Unidos o Japão deveria, segundo analistas, descurar de abordar, porém, esse projecto.
Arnaldo Gonçalves, académico do Instituto politécnico de Macau, alega que esta visita já devia ter ocorrido antes e explica o porquê dela se realizar só agora.
Segundo este universitário a visita ocorre agora porque o presidente chinês se sente "suficientemente confortável em termos do poder que tem e que tem exercido para ter uma negociação aberta com o primeiro-ministro Abe do Japão sobre questões do contencioso territorial que se arrastam há anos".
O académico realça o facto de "terem um perfil muito parecido". Segundo Arnaldo Gonçalves "são homens conservadores, com uma personalidade, por isso, muito forte, e talvez isso seja uma razão desta oportunidade".
Arnaldo Gonçalves, académico do Instituto Politécnico de Macau
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