Conselho Europeu dominado pela questão dos migrantes

Os Presidentes e chefes de Governo europeus iniciam hoje, Quinta-feira, a cimeira mais importante dos últimos tempos, marcada pelas profundas divisões sobre a questão migratória. Contactado pela RFI, o eurodeputado português, Paulo Rangel, do PSD, estima que a Europa não vive uma crise migratória; vive uma crise política sobre as questões de imigração. E acrescenta que hoje não existe consenso sobre duas ou três questões relativas a este problema, mas - mais tarde ou mais cedo - a Europa terá de resolver esta crise, que põe em perigo a própria coesão europeia.

A questão dos migrantes do "'Aquarius" (na imagem, a chegada a Valência, em Espanha, a 17 de Junho de 2018) originou uma crise política sobre a problemática das migrações na Europa. Kenny Karpov/SOS Mediterranee/Handout via Reuters

"A Europa tem muitos desafios, mas o relacionado com a questão migratória pode decidir o destino da União Europeia", afirmou hoje mesmo a Chanceler Angela Merkel, diante do Parlamento alemão.

Por seu turno, o Primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, já advertiu que "a Itália poderá vetar as conclusões da Cimeira da União Europeia", em caso de divergência, pedindo "actos que materializem as demonstrações de solidariedade" dos seus membros.

sobre esta questão, Portugal afirmou hoje apoiar a criação de plataformas de desembarque regionais, no intuito de evitar que os migrantes resgatados no Mediterrâneo fiquem à deriva, durante vários dias, enquanto aguardam autorização de entrada num porto seguro europeu.

É neste contexto de tensão e de divisão que decorrerá hoje e amanhã ( 28 e 29/6/2018), o Conselho Europeu. Nesta quinta - feira, a migração será o tema central, mas será igualmente abordada a questão da Segurança e da Defesa, e questões económicas e financeiras.

Amanhã, sexta‑feira, 29 de Junho, os dirigentes da UE debruçar-se-ão sobre o Brexit (reunidos a 27) e sobre questões ligadas à área do euro (em formato de Cimeira do Euro).

Mas será decerto a questão migratória que criará as maiores tensões e discussões. Para o eurodeputado Paulo Rangel, do PSD, será preciso responder a três perguntas : Onde instalar os centros de acolhimento (dentro ou fora da Europa) ? Quais serão os países que aceitarão receber migrantes ? E sobretudo, como evitar que as actuais divisões políticas sobre as migrações venham criar mais conflitos, tensões e divisões entre os países europeus. 

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Eurodeputado Paulo Rangel