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Estados Unidos

Memorando destabiliza instituições nos Estados Unidos

O Presidente americano, Donald Trump, desclassificou, sexta-feira, o memorando denunciando disfunções no FBI e no departamento da justiça, autorizando assim o Congresso a publicar o referido documento de 4 páginas. Um memorando coordenado por Devin Nunes, presidente da comissão dos serviços de informações da Câmara dos representantes, acusado pelos colegas democratas de parcialidade, pelo que querem publicar o seu próprio memorando.

Congresso americano divulga memorando sobre disfunções do FBI durante e depois das eleições presidenciais de 2016
Congresso americano divulga memorando sobre disfunções do FBI durante e depois das eleições presidenciais de 2016 TASOS KATOPODIS / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
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O Congresso americano publicou, ontem à noite, (2) o memorando coordenado por Devin Nunes, presidente da comissão dos serviços de informações da Câmara dos representantes, logo depois que o Presidente, Donald Trump, desclassificou o documento.

O memorando coordenado por Devin Nunes, um americano de origem portuguesa, caiu como uma bomba, em Washington, fazendo tremer políticos, dirigentes do FBI e do departamento da justiça.

O documento de 4 páginas é um resumo de documentos classificados de milhares de páginas, cuja primeira versão chegou a ter 100 páginas, denunciando investigações enviesadas do FBI e do departamento da justiça, por motivos políticos, privilegiando a ex-candidata dos democratas, Hillary Clinton, e atacando Donald Trump e sua equipa de campanha, durante as presidenciais de 2016.

O memorando, põe em causa o trabalho do ex-patrão do FBI, James Comey e do director-adjunto do FBI, Andrew McCabe,demitido a semana passada, ou do secretário-adjunto da Justiça, Rod Rosenstein, entre outros nomes, que tentaram bloquear a sua divulgação.

Segundo o memorando, durante a campanha eleitoral, esse grupo de dirigentes trabalhou a mando do ex-presidente Obama e da candidata Clinton, na fabricação de documentos inventando a ingerência da Rússia nas eleições para favorecer Donald Trump. 

Esses documentos, nomeadamente, um relatório fabricado por um ex-agente secreto britânico, Christopher Steele, foram, afinal, segundo o memorando, coordenados e pagos, por Hillary Clinton, o DNC dos democratas e o FBI, que mentiram ao tribunal federal, o FISA, que ordena investigações e espionagem a estrangeiros e nacionais.

Esta operação de espionagem contra a campanha de Trump, é denunciada pelos democratas e pelo FBI, que alegam crise constitucional, porque na realidade o presidente Donald Trump quer demitir o secretário-adjunto da Justiça e o procurador especial Robert Mueller, que investiga a chamada ingerência russa nas eleições americanas.

Devin Nunes, declarou ontem depois da publicação do memorando, que este é só o começo e que vai haver a divulgação de outros memorandos nomeadamente, sobre o departamento de Estado.

Ele sublinhou que os democratas e o FBI e republicanos como John McCain, quiseram impedir a publicação do memorando, porque fizeram um mau trabalho à nação americana, descredibilizando instituições dos Estados Unidos.

Aliás os democratas prometem divulgar o seu próprio memorando na próxima semana e denunciam, uma crise constitucional alegando que o presidente não pode interferir no trabalho do FBI e do departamento da Justiça.

Como se o Presidente é o chefe máximo do poder executivo? As prerrogativas constitucionais presidenciais de qualquer Estado de direito estão na constituição e um ministro ou outro dirigente qualquer podem ser nomeados como demitidos.

Aliás, Donald Trump, declarou depois de ter dado luz verde para a publicação que o que se passava era "uma desgraça e uma vergonha" para os Estados Unidos. 

Enfim, ainda muita tinta vai correr sobre esta crise política nos Estados Unidos, onde serviços de informações ou da polícia federal, como o FBI, ou dirigentes governamentais como a Justiça, querem sobrepor-se ao Presidente da República e o Congresso, poderes executivo e legislativo.

Num Estado de direito democrático, a última palavra compete aos poderes eleitos, executivo, legislativo e judiciário, e não a organismos como a polícia do FBI ou dos serviços secretos, que dependem do poder político.

03:13

João Matos sobre memorando que faz tremer Washington

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