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UNESCO / Brasil

Brasil : Cais do Valongo é Património da Humanidade

O Comité do Património Mundial da UNESCO, reunido em Cracóvia, na Polónia, decidiu - neste Domingo - acreescentar à sua lista o sítio arqueológico do Cais do Valongo, no Brasil, como património histórico da Humanidade. O local simboliza a chegada em massa e o martírio dos escravos africanos vendidos ao Continente sul-americano.

Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro, recebeu no século 19 cerca de 900 mil escravos vindos do continente africano.
Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro, recebeu no século 19 cerca de 900 mil escravos vindos do continente africano. Tomaz Silva/ Agência Brasil
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Segundo o Comité do Património Mundial, cerca de 900.000 africanos desembarcaram naquele cais de pedra, construído a partir de 1811 no Rio de Janeiro.

"É o reconhecimento da dor de uma tragédia, da necessidade de reparação em nome dos milhões de africanos que foram escravizados para proporcionar a mão de obra que construiu o Continente", afirmou Milton Guran, antropólogo responsável pela candidatura do sítio à agência afp.

Para a historiadora Kátia Bogea, presidente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Valongo merece estar "junto com lugares de memória como (a cidade japonesa de) Hiroshima ou (o campo de concentração nazi de) Auschwitz-Birkenau".

A protecção do património, acrescentou, "nos obriga a lembrar essas partes da história da humanidade que é proibido esquecer".

O reconhecimento serve "para poder lembrar essa história e reduzir as desigualdades e os prejuízos", completou.

As pedras em que quase um milhão de escravos provenientes da África deram seus primeiros passos no Brasil haviam sido deixadas sob os escombros da metrópole que se desenvolveu.

Protegido por uma simples barreira e sem presença policial, o sítio continua a ser particularmente vulnerável. Ele foi localizado sob uma espessa camada de cimento em 2011, quando se faziam escavações para reabilitar nas obras da zona portuária para os Jogos Olímpicos de 2016.

Andrey Schlee, director do Departamento de Património material e fiscalização do IPHAN, Instituto do património histórico e artístico nacional do Brasil, contou à RFI como foi levado a cabo este processo que culminou no domingo com o reconhecimento da UNESCO.

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Andrey Schlee, Instituto do Património histórico e artístico nacional do Brasil

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