Bailado diplomático em torno do Qatar
Têm continuado nos últimos dias os esforços de mediação para resolver a crise entre o Qatar e vários países da região designadamente a Arábia Saudita, os Emirados Árabes unidos, o Bahrein e o Egipto. No passado dia 5 de Junho, esses países anunciaram a sua decisão de cortar as suas relações diplomáticas com o Qatar que acusam de apoiar o terrorismo, uma decisão perante a qual alguns outros países como a Turquia e o Koweit têm envidado esforços para impedir uma escalada da tensão no Golfo Pérsico.
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Ontem, após um encontro com as autoridades do Qatar, Mevlut Cavusoglu, chefe da diplomacia turca, enfatizou que "a crise deve ser ultrapassada pelo diálogo e a paz". Por sua vez o porta-voz da presidência turca considerou que a Arábia Saudita "tem a capacidade de resolver a crise enquanto actor importante da região". Hoje estavam previstos possíveis contactos entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco e as autoridades do Koweit que também têm conduzido iniciativas visando a apaziguar a situação, iniciativas sobre as quais o secretário-geral da ONU António Guterres expressou o seu "pleno apoio" ontem. Do lado ocidental, a preocupação também é grande, a França tendo confirmado contactos do Presidente Macron no final deste mês com algumas partes envolvidas no contencioso.
Em Genebra, o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos declarou-se "alarmado" com as consequências que esta crise está a ter. Ao anunciar o corte das suas relações com o Qatar, a Arábia Saudita, o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos deram um prazo de 14 dias para os cidadãos qataris abandonarem os seus respectivos territórios, esses países tendo igualmente concedido o mesmo prazo para os seus respectivos cidadãos saírem do Qatar. O Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos receia que esta decisão possa perturbar a vida nomeadamente dos casais mistos, dos estudantes e dos trabalhadores migrantes desses países, esta organização tendo igualmente expressado a sua preocupação perante a decisão do Bahrein deter ou aplicar multas a quem expressar solidariedade para com o Qatar.
Para além das complicações administrativas, esta situação também tem tido consequências imediatas no tocante ao abastecimento do Qatar em bens de consumo, este pequeno emirado importando massivamente bens alimentícios. O Irão, a Turquia e Marrocos têm enviado alimentos para aquele país desde o início da crise. Para além do embargo terrestre, os países que cortaram relações com o Qatar também lhe aplicam um bloqueio aéreo e marítimo.
Apesar desse bloqueio, as operações militares de luta contra o grupo Estado Islâmico conduzidas pelos Estados Unidos juntamente com os seus aliados no Iraque e na Síria a partir da sua base no Qatar "não têm sido perturbadas" segundo afirma o Pentágono que para além de enviar dois navios no intuito de efectuar um exercício conjunto com a marinha do Qatar, também anunciou ter concluído um acordo com Doha no valor de 12 mil milhões de Dólares para a compra de caças F-15.
Os Estados Unidos cuja base no Qatar alberga 11 mil soldados americanos, têm apelado através do seu Departamento de Estado e do Pentágono ao apaziguamento e ao diálogo. Todavia, nas redes sociais, o Presidente Donald Trump chegou a dar a impressão no início da crise que concordava com o isolamento do Qatar. Recorde-se que aquando da sua digressão no Golfo em Maio, Donald Trump concluiu um acordo com a Arábia Saudita para a venda de armamento àquele país no valor de 110 mil milhões de Dólares.
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