Brasil: Temer em posição delicada

O governo brasileiro anulou ontem o decreto do Presidente da República ordenando o desdobramento do exército nas ruas de Brasília, em resposta aos confrontos durante a manifestação anti-Temer de Quarta-feira durante a qual cerca de 50 pessoas ficaram feridas. O envio de tropas para as ruas da capital indignou de tal modo a oposição mas igualmente os próprios aliados de Temer no governo que foi necessário fazer logo marcha atrás.

Presidente brasileiro Michel Temer . Foto: Marcos Corrêa/PR

É que a margem de manobra do presidente Temer tem vindo a reduzir-se. Directamente colocado em acusação depois de terem sido recentemente divulgadas gravações em que o presidente Temer parece estar a dar luz verde à compra do silêncio de Eduardo Cunha, antigo presidente da Câmara Baixa do Parlamento e um dos protagonistas da destituição de Dilma Rousseff, Temer vê o cerco apertar-se à sua volta. Um inquérito por corrupção passiva foi ordenado pelo Supremo Tribunal e 16 moções foram apresentadas para obter a sua destituição, a última em data sendo da iniciativa da Ordem dos advogados que no ano passado não poupou Dilma Rousseff.

Para além dos questionamentos em torno do financiamento da campanha eleitoral de Dilma Rousseff e do seu então vice-presidente Michel Temer em 2014, Temer é igualmente suspeito de entrave à justiça.

Ainda hoje a polícia brasileira deteve um antigo dirigente da Petrobrás e um antigo banqueiro suspeitos de terem recebido em 2014 luvas no valor de 5,5 milhões de Dólares por parte da Companhia Beninense de Hidrocarbonetos no quadro da aquisição de um poço de petróleo no Benim. Estes indivíduos fariam parte de um grupo de 6 pessoas que terão recebido pagamentos indevidos em contas na Suíça e nos Estados Unidos, a polícia acreditando que uma parte destes pagamentos era destinada, uma vez mais, a Eduardo Cunha, o antigo presidente da Câmara Baixa do Parlamento brasileiro.