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Síria

Início das negociações sobre a Síria

Esta sexta-feira em Genebra são lançadas as negociações de paz da Síria sob a égide da ONU, um processo que todavia começa sem a presença do Alto Comité das Negociações, organismo que congrega os principais movimentos de oposição politica ou armada, que recusa até ao momento participar nas conversações enquanto não cessarem os bombardeamentos contra posições civis e o cerco de localidades, apesar de apelos veementes de Washington para a sua participação.

Staffan de Mistura, mediador das Nações Unidas para o conflito Sírio
Staffan de Mistura, mediador das Nações Unidas para o conflito Sírio REUTERS
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Estas negociações que devem alicerçar-se sobre encontros separados entre representantes da ONU e as partes envolvidas no conflito estão abrangidas num processo amplo decidido em Dezembro na ONU que prevê 6 meses de discussões, um cessar-fogo, um governo de transição no prazo de 6 meses e eleições dentro de um ano e meio. Contudo, todo este processo é já alvo de contestação à raiz. Enquanto a oposição refere que o Presidente Sírio Bachar el Assad deve partir no início da transição, o campo presidencial considera que a sanção deve vir das urnas.

Outro aspecto que complexifica todo este processo são os próprios intervenientes nas negociações que hoje se iniciam. O diálogo que se enceta esta sexta-feira começa apenas com a ONU, convidados individuais, o Conselho Democrático Sírio, uma aliança de opositores Curdos e Árabes e uma delegação de 16 representantes do regime Sírio que aborda estas negociações em posição de força dados os avanços alcançados no terreno militar com o apoio do Irão e da Rússia.

Estão de fora os principais grupos de oposição congregados no Alto Comité das Negociações apoiados pela Arábia Saudita, o Qatar e a França, este comité sendo visto com maus olhos por Moscovo que denuncia a presença de "terroristas" no seu seio, nomeadamente um dos seus dirigentes, Mohammed Allouche, representante do grupo salafista Jaish al-Islam. Também ausentes estão os membros do PYD, principal partido Curdo que está na linha da frente no combate contra o Estado Islâmico na Síria. O PYD, sob pressão da Turquia, não se encontra nestas negociações, uma vez que Ancara suspeita este partido de ser uma emanação do PKK que até agora considera ser a maior ameaça à segurança do seu território.

O contexto deste início de diálogo é por conseguinte delicado, o que não deixou de observar Hassan Rohani, presidente do Irão que, durante a sua visita aqui em Paris, disse não acreditar numa resolução rápida do conflito sírio. Os ocidentais, directamente afectados pela crise migratória decorrente deste conflito, têm feito pressão para uma solução política. Contudo, não há indicação de que o conflito que já causou 260 mil mortos desde 2011 e milhões de refugiados esteja próximo do fim.
 

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