França e Arábia Saudita em "lua-de-mel"
O primeiro-ministro Manuel Valls está hoje em Riade para reforçar a cooperação bilateral com a Arábia Saudita. Os dois países têm posições muito próximas no que refere à Síria, Irão e Iémen, mas existem igualmente interesses no plano económico. O chefe do executivo faz acompanhar por alguns dos seus ministros e por cerca de 200 empresários que vão participar no fórum franco-saudita.
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A expressão "lua-de-mel" tem sido recorrente nos últimos meses, para descrever as relações entre a França e a Arábia Saudita. Esta amizade foi exprimida no passado mês de Maio, quando François Hollande escolheu o país para ser o convidado de honra para a cimeira do clima que Paris vai acolher já em Dezembro. O professor da Universidade Sciences Po Grenoble, Jean-Paul Burdy - refere que a França está a beneficiar, actualmente, das difíceis relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
A aliança entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos continua, no entanto os sauditas ainda não digeriram as políticas de Obama para a região. Os sauditas discordam dos esforços norte americanos para concluir o acordo nuclear com o Irão, da mudança da política de Washington face à Síria e a recusa dos americanos em atacar o regime de Bashar al- Assad em 2013, ou a retirada de apoio ao presidente egípcio Hosni Moubarak.
Convergências nas crises regionais
A França soube ocupar um lugar na fragil relação que persiste entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita. Os dois países partilham pontos de vista sobre a Síria, onde ambos se opõem a qualquer apoio a Bashar al-Assad, e os sauditas guardam na memória a postura intransigente dos francesa durante as negociações entre sobre o nuclear iraniano. Este entendimento alarga-se ainda ao Iémen, Iraque e Líbia.
Contratos à vista
Mas não só de política vivem as relações franco-sauditas. A deslocação de Valls reveste-se ainda de uma forte componente económica estando prevista a assinatura de vários acordos comerciais avaliados em dezenas de milhares de euros. O sector militar, saúde, infra-estruturas e transportes serão as áreas privilegiadas.
Em Junho passado, durante a visita a Paris do ministro da Defesa saudita, Mohammed Ben Salmane, foram anunciados contratos no valor de 10 mil milhões de euros. Airbus, Veolia e Thalès figuram entre as companhias que podem vir a beneficiar destes acordos. Em Riade, Manuel Valls vai participar no fórum Franco-saudita no qual estarão cerca de 200 empresas francesas. Na comitiva do primeiro-ministro está ainda o responsável pela diplomacia francesa, Laurent Fabius, e o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian.
E os direitos humanos?
Neste contexto de concórdia, alguém ouve a França a denunciar as violações de direitos humanos na Arábia saudita? Nos últimos meses, a diplomacia francesa criticou, ainda que de forma discreta, a pena de morte no país que já executou 130 pessoas desde o início do ano. " A França defende em todo o lado os seus princípios (...) nós opomo-nos à pena de morte", assumia o primeiro-ministro francês, Manuel na Jordânia. Entre os casos polémicos no país, o caso do jovem saudita de confissão xiita, Ali al-Nimr, rfoi condenado à pena de morte. Sobre esta decisão fala-se que Manuel Valls poderá pedir clemência às autoridades sauditas.
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