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França/Reino Unido

Migração: França e Reino Unido declaram guerra às redes de passadores

França e Reino Unido assinaram esta quinta-feira um acordo de cooperação com o objectivo de gerir a crise migratória de Calais. Um aperto de mão entre Paris e Londres contra as redes de passadores que ajudam migrantes e refugiados a cruzar o Canal da Mancha, numa altura em que a Europa enfrenta a mais grave crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.

Bernard Cazeneuve, ministro francês do Interior e Theresa May, homóloga britânica.
Bernard Cazeneuve, ministro francês do Interior e Theresa May, homóloga britânica. REUTERS/Philippe Huguen
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Os ministros francês e britânico do Interior, Bernard Cazeneuve e Theresa May, reuniram-se esta quinta-feira em Calais, norte de França, onde assinaram um acordo de reforço de cooperação. O documento prevê a criação de um "centro de comando e controlo comum" de luta contra os traficantes. 

O acordo hoje rubricado é consagrado essencialmente às questões de dissuasão e repressão da imigração ilegal. O local do Eurotúnel será alvo de segurança reforçada, com a criação de uma "sala de controlo integrada" e com patrulhamento 24 horas por dia, tendo em vista impedia a entrada dos imigrantes no túnel.

No que diz respeito à luta contra das redes de passadores, será criado e baseado em Calais um "centro de comando e controlo comum" que terá como função principal "reunir elementos e provas e coordenar as operações de luta contra as actividades criminais dos dois lados do Canal da Mancha".

No plano humanitário, o acordo prevê "intensificar a observação" dos migrantes para "identificar os mais vulneráveis e as potenciais vítimas das redes", nomeadamente mulheres e crianças. Os regressos voluntários aos países de origem serão priorizados, com o início de campanhas de informação e de programas de ajuda.

Quanto aos pedidos de asilo, a capacidade de tratamento dos dossiers será potenciada. "O governo britânico vai ainda disponibilizar albergues próprios, situados a uma distância significativa de Calais", tendo em vista desobstruir a região, onde as condições de vida dos migrantes são precárias e os passadores omnipresentes.

No local, Bernard Cazeneuve, ministro francês do Interior, declarou a "necessidade de enviar um forte sinal a partir de Calais, de que não se pode ultrapassar a fronteira comum", destacando a importância de desmantelar redes de imigração clandestina.

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Bernard Cazeneuve, ministro francês do Interior

Theresa May, ministra britânica do interior, explicou as principais implicações deste acordo em termos de reforço da segurança, insistindo na questão da fiscalização rigorosa.

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Theresa May, ministra britânica do interior

O Alto Comissário da ONU para Refugiados elogiou a componente humanitária e de protecção do plano, António Guterres destacou o combate aos traficantes que exploram indivíduos vulneráveis.

A situação dos migrantes de Calais é apenas uma parte da crise migratória europeia, a mais grave desde a Segunda guerra Mundial. Semanalmente à costa italiana e à costa grega chegam centenas de refugiados, a grande maioria proveniente do norte de África e do Médio Oriente.

Pedro Góis, sociólogo, professor e investigador no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, autor de obras sobre os movimentos migratórios na Europa, considera que a assinatura deste acordo bilateral entre a França e o Reino Unido mostra o quanto a Europa tem falhado na gestão das migrações.

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Pedro Góis entrevistado por Liliana Henriques

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