Ucrânia acusa Rússia de mobilizar milhares de militares na Crimeia
O governo ucraniano acusou nesta quinta-feira (18) a Rússia de ter posicionado 4 mil soldados ao longo de sua "fronteira administrativa" com a Crimeia. A denúncia é feita horas antes do encontro, em Washington, entre os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Ucrânia, Petro Porochenko.
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Essa demonstração de força na península ucraniana, anexada em março pela Rússia, acontece depois das declarações favoráveis de Moscou às propostas do presidente Porochenko de tentar acabar com o conflito no leste da Ucrânia.
Segundo o porta-voz do exército ucraniano, Andrii Lyssenko, "quase todas as unidades russas estacionadas na parte norte da Crimeia ocupada, aproximadamente 4 mil soldados, estão posicionadas na fronteira administrativa com a Ucrânia, e com todos seus equipamentos e munição".
Esse deslocamento de soldados foi anunciado na terça-feira pelo ministro russo da Defesa, Serguei Choigou. Segundo ele, a necessidade de mobilizar as tropas na Crimeia leva em conta a "expansão do dispositivo militar (do sul da Rússia) após a integração da Crimeia".
O ministro também fez referência ao agravamento da crise (ucraniana) e ao aumento das forças estrangeiras perto da fronteira russa. Na segunda-feira, tiveram início exercícios militares reunindo 15 países, entre eles, os Estados Unidos.
A diplomacia ucraniana expressou "grande preocupação" e acusou Moscou de tentar "desestabilizar a situação em toda a região". Kiev teme a criação de uma área sob controle dos separatistas pró-russos que se estenderia da fronteira russo-ucraniana até à fronteira "administrativa" entre a Ucrânia e a Crimeia. Tal cenário representaria uma "ponte terrestre" entre a Rússia e a região da Crimeia.
Porochenko vai pedir "status especial"
Segundo a Otan, 20 mil soldados russos estão distribuídos ao longo da fronteira russo-ucraniana, especialmente na região de Rostov. A Aliança Atlântica afirma que mil soldados russos se encontram no leste da Ucrânia. Moscou desmente categoricamente essa afirmação.
No terreno diplomático, o presidente ucraniano, Petro Porochenko, tem encontro agendado com o democrata Barack Obama em sua primeira visita à Washington como chefe de Estado. Ele vai falar diante do Congresso americano e deverá pedir a Obama um "status especial" para a Ucrânia como um aliado não-membro da OTAN. Essa iniciativa é mal vista por Moscou e deve acirrar ainda mais a tensão entre a Rússia e os países ocidentais devido ao conflito no leste da Ucrânia que já deixou 2.900 mortos.
A crise já levou os Estados Unidos e a União Europeia a anunciar uma série de sanções econômicas contra Moscou. Segundo o presidente Putin, as sanções violam os princípios da Organização Mundial do Comércio.
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