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Tunísia/Protestos

Partido islâmico Ennahda rejeita governo de tecnocratas na Tunísia

O partido islâmico Ennahda, que dirige a coalizão no poder na Tunísia, rejeitou nesta quinta-feira a dissolução do governo proposta pelo primeiro-ministro, Hamadi Jebali, membro desse mesmo partido. O maior sindicato do país convocou para sexta-feira uma greve geral e a polícia usou novamente gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes, que continuam a protestar após o assasssinato na quarta-feira de uma personalidade da oposição laica.

O assassinato de um opositor laico nesta quarta-feira provocou manifestações de protesto em todo o país contra o partido islâmico no poder.
O assassinato de um opositor laico nesta quarta-feira provocou manifestações de protesto em todo o país contra o partido islâmico no poder. REUTERS/Anis Mili
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Secretário-geral do Ennahda, o premiê Jebali tomou a iniciativa de propor um governo de tecnocratas apolíticos como resposta à indignação suscitada pelo assassinato do opositor laico Chokri Belaid.

A morte de Chokri Belaid, assassinado com tiros na quarta-feira diante de sua casa, provocou manifestações às vezes violetnas em todo o país contra os islâmicos, que chegaram ao poder através do voto popular após a queda do ditador Ben Ali em janeiro de 2011.

A polícia utilizou novamente gás lacrimogênio nesta quinta-feira para dispersar os manifestantes, que entoavam slogans exigindo a demissão do primeiro-ministro perto do ministério do Interior em Túnis, e também contra jovens que jogavam pedras em Gafsa, no sul do país.

A União Geral Tunisiana do Trabalho, principal sindicato do país, convocou uma greve geral para esta sexta-feira. A família de Chokri Belaid informou que seu funeral também poderá acontecer amanhã.

O Ennahda, que desmente qualquer envolvimento no assassinato de seu adversário político, governa junto com dois partidos laicos em uma coalizão que ameaça implodir há várias semanas.

Seu vice-presidente, Abdelhamid Jelassi, declarou nesta quinta-feira que é preciso prosseguir as negociações para um remanejamento em vez de formar um governo de tecnocratas, como anunciou o primeiro-ministro. Esse último também declarou na quarta-feira à noite que eleições legislativas seriam organizadas o mais rápido possível e que os membros de seu futuro governo não se candidatariam.

Esses desacordos internos no Ennahda, que venceu com folga as eleições legislativas de outubro de 2011, ameaçam complicar os esforços para sair da crise na Tunísia, onde tensões políticas e dificuldades econômicas se acumulam dois anos após a queda de Ben Ali.

Além disso, os deputados da assembleia nacional constituinte se mostraram incapazes de concluir a redação de uma nova Constituição, condição necessária para a realização de novas eleições.

Apesar de seu pequeno peso político, Chokri Belaid se distinguia por suas críticas ferozes contra o Ennahda. O campo laico acusa o partido no poder de ser tolerante demais com os islâmicos radicais, que se sentiriam assim livres para ameaçar e agredir seus adversários.

Os principais partidos da oposição (Nida Tunes, Massar, o Partido Republicano e a Frente Popular) também rejeitaram o projeto de formação de um governo de especialistas dirigido por Hamadi Jebali. Eles querem ser consultados antes de qualquer decisão.

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, condenou o "assassinato político" na Tunísia e expressou seu apoio "e o apoio da França a aqueles que querem acabar com a violência".

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